Tuesday 29 May 2007

Uma imagem fala mais que mil palavras.


É, eu sei, mas ontem eu saí de casa sem a câmera fotográfica.Fui alí perto, só para pegar uma passagem de avião.
Na volta pra casa, uma imagem fantástica e eu perdi....

Numa entrada de uma das pontes sobre o Nilo, um carro quebrado, um Lada velho e com lataria já bem maltratada. É, não foi só no Brasil que os Russos enfiaram Ladas e Nivas goela abaixo, certo Bokão?

Bom, o Lada tava parado nesse acesso, que é uma ladeira, logo atrás dele um ônibus lotado, com passageiros pendurados na porta. O carro travado, não sobe e descer não dá pois o ônibus tá lá e atrás do ônibus vai acumulando mais e mais carros. Eu tava vendo a cena de longe enquanto me aproximava, pois era meu caminho.Uns 3 ou 4 passageiros do ônibus descem e tentam empurrar o carro, mas na subida, sem chance. To chegando perto e até pensando em ajudar quando vejo os passageiros voltarem para o ônibus e o motorista voltar pro Lada.

Aí acontece o que a seria a imagem que valeria por todas essas palavras....

O ônibus lotado lentamente se aproxima da traseira do Lada, dá uma "batidinha", um "tranco" e dá aquela empurrada, literalmente levando o carro até o alto da ponte, uns 150 metros, o motorista do Lada gesticula muito, acho que ele se arrependeu da "ajuda", depois da "batidinha" e do "tranco".

Bom, o ônibus segue a vida e fica o Lada ali parado no acostamento da ponte.
Resultado: carro com problemas no motor, as lanternas traseiras esmigalhadas e o pobre do motorista não consegue abrir o porta-malas que amassou.
Welcome to Cairo.
Tem alguém interessado num Lada branco aí?

Thursday 24 May 2007

Há! Peguei.



Num dos primeiros textos do blog eu falei dos caras que carregam de bicicleta os pães-sirios pelas ruas caóticas do Cairo. Uma mão no guidão e outra no "porta-pães".

Prometi a foto e aqui está:

Um egípcio que conheci aqui já atropelou um desses caras.

Eles simplesmente entram no transito como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Na outra foto ta lá o cara o outro lado já acompanhando os carros.

Tuesday 15 May 2007

`arabiyya

Tá aí, não foi fácil Leo, mas seu Uno tá na mão:
Mas se vc quiser tem outros FIAT. Um modelo 128 e um mais antigo, acho quedá para ver a marca na foto do volante.



Saturday 12 May 2007

Casamento egípcio



Quem acha que a instituição do matrimônio é levada a sério no Brasil nunca foi ao Egito. A impressão que dá é que todos os jovens estão à procura de um par. O desespero tem uma explicação: é proibido fazer sexo antes do casamento. Já ouvi dizer que vários jovens não levam isso a sério, tanto que existe um alto índice de operações de "reconstrução de hímen" por aqui. Não me perguntem detalhes, ainda vou apurá-los para uma futura matéria!
Mas, voltando ao casamento... Os homens aqui podem ter quatro mulheres. Os homens leitores devem estar pensando: "que beleza, hein?" Nem tanto, porque todas elas custam uma fortuna, tanto que ter uma já é uma árdua tarefa para a maioria dos egípcios. Primeiramente, a família da moça exige um montante em dinheiro para conceder a filha ao candidato. Depois, ele normalmente precisa comprar uma casa própria, mobiliá-la e ainda por cima dar pelo menos um presente - caro - para ela. Com o salário dos coitados aqui casar vira um grande desafio. O nosso bawab, por exemplo, o Saied, é um cara ajeitadinho para os padrões egípcios. Deve ter entre 30 e 35 anos e está solteirão porque não tem dinheiro para casar...
Muitos pais hoje em dia torcem para ter filha mulher, porque assim não precisam se preocupar em ajudar o filho a arranjar dinheiro para casar. Muitos homens dizem que para as mulheres o casamento virou um negócio e tenho a impressão de que em muitos casos eles têm razão.
Mas o casamento da nossa professora de árabe, a Heba, está entre as exceções. Primeiramente, não foi uma operação arranjada, de compra e venda. Os dois estão juntos há anos e ontem à noite foi o grande dia deles! Nós estávamos lá, no nosso primeiro casamento egípcio! A Heba vem de uma família classe média alta, portanto, estávamos esperando uma festa de arromba, apesar do aviso antecipado de que não teria bebida alcoólica.
A chegada deles à festa foi pomposa e egípcia: com banda estilo beduíno cantando e tocando e mulheres vestidas de dourado com grandes castiçais na cabeça dançando - e os noivos dançando junto, muito animado!
Mas não bastou não ter bebida alcoólica. Só tinha garrafa de água Nestlé em cima das mesas!!!! Só! Nenhum suquinho e nem uma Bebsi, nada!!!!
Bom, o casal dançou, dançou e dançou e eu só pensava em comer, só para fazer alguma coisa além de dançar, já que ficar enchendo a cara de água me cansou...
O buffet foi bom, mas tudo comida internacional...
Depois, mais dança. Aí achamos: bom, só nos resta dançar e isso nós sabemos que os egípcios não se cansam de fazer em casamentos! Em frente ao nosso barco tem um clube, onde tem casamento pelo menos uma vez por semana. Às vezes, é música até às 4h da matina.
Mas qual não foi nossa surpresa quando a música acabou, o casal se encaminhou ao portão de saída e a festa começou a ser desmontada à 1h da manhã????
Bom, depois de nos enfiarmos em cinco pessoas num mini-carro que nem táxi era - era de um frentista querendo faturar um extra com os palhaços que não chamaram um táxi a tempo antes de a festa acabar - chegamos em casa, abrimos uma cerveja e depois fomos dormir. Decepcionados com o casamento egípcio...

Wednesday 9 May 2007

Idade da Internet discada parte 3 - Skype

Uns 2 meses atrás meu pai nos presenteou com um telefone sem-fio que funciona com Skype. Aqui no Egito não tem, e se tem não sei onde. Aí a pergunta: Como enviar de Paris para o Cairo?
Fedex ou UPS impossível, custaria 3 vezes mais que o próprio preço do aparelho.
O correio daqui não inspira confiança, mas não custa arriscar afinal não tem grande mistério. Para ajudar passamos o endereço do trabalho da Andrea.
Bueno, 2 ou 3 semanas depois chega uma "carta" dos Correios, em árabe claro, pedindo que a gente compareça na "central" pois uma encomenda em nome da Andrea havia sido retida pelo Ministério das Telecomunicações.
Lá vou eu na Ramsés Square, centrão, descobrir qual o problema. Depois de uma conversa metade em inglês, metade em árabe, metade mímica, eu entendi que deveria comparecer no prédio que cuida das importações de tecnologia em telecomunicações. Lá eu deveria pagar os impostos relativos, ok, faz parte.
Ah, o "documento" que eu tenho que carregar de um prédio para outro para provar que o aparelho era meu e do que se tratava propriamente era o Manual do telefone. Mais uma vez, é mole?
Lá vou eu para Madnat Nasr, ou Nasr City, outro bairro aqui do Cairo. Chego lá e o atendente pega o Manual e dá aquela olhada com cara de "o que eu faço???".

Ele consulta o chefe que rapidamente olha na capa do Manual e sentencia: Você não pode receber este aparelho! É proibido o uso de Skype no Egito. Aqui só a Egypt Telecom tem autorização para realizar ligações internacionais.
Com minha cara de espanto eu questiono: Mas....qualquer um usa Skype em qualquer lugar aqui, inclusive em Internet-cafés é comum ver pessoas falando com qualquer lugar do mundo.
A resposta dele: Olha, eu sei, mas oficialmente é proibido, e eu não posso deixar um aparelho que funciona com algo proibido entrar no país, senta aqui que eu vou carimbar o retorno do aparelho. Quer um chá, café ou Bebsi (Pepsi, aqui não se fala a letra P).
Eu pego o carimbo num tipo de recibo e no Manual também e volto ao Correio, onde me garantem que o aparelho vai retornar direitinho para a França. Inshaalah!!
Não sei se acredito ou não......
Ah, sabe como se fala Correio em árabe?Acertou quem disse Busta!

Idade da Internet discada parte 2 - O Mão leve

Na verdade a Egypt Telecom não havia cortado nossa linha de telefone para melhorias.
O que aconteceu é que um larápio, ladrão, salafrário, meliante, resolveu roubar os cabos telefônicos que servem todas as Awamas. Por volta das 10 da manhã da segunda-feira,30/04, ele começou a cortar e recolher os cabos, indagado pelos bawabs (porteiros) ele afirmou ser funcionário da Egypt Telecom fazendo manutenção da linha.
Os moradores das Awamas começaram a reclamar e quando o cara retornou as 14h00 do mesmo dia para "recolher" os cabos restantes os porteiros foram com a polícia checar com o sujeito o que estava acontecendo. Aí a casa caiu pro cara. Mas o estrago estava feito, ficou todo mundo aqui na região sem telefone e consequentemente internet. Disseram que no Egito tem tudo menos bandido, agora tem bandido também, meio burrão, mas tem.


Fotos:
O "resto" dos cabos roubados - Prova "A"

















Assim é a "caixa da rua", sabe na rua onde você mora aquela caixa de metal onde ficam as conexões de telefone? Então, aqui em casa é assim. É mole?

Tuesday 8 May 2007

Origami de toalha



Para não dizer que os egípcios não são criativos e românticos: com uma certa pitada de kitsch, tenho de confessar, é o maior barato entrar no quarto do hotel todo dia depois do arrumadeiro ter passado por ali e ver qual o desenho que ele inventou em cima da cama com a toalha e os nossos pijamas!
Tiramos a primeira foto em Dahab, na península do Sinai, acreditando que o arrumadeiro daquele hotel era um ser dedicado à função. Mas depois de irmos para Sharm el-Sheikh vimos que parece ser um quesito básico dominar a arte do origami de toalhas. Dêem uma olhada:

Aqui um cisne - um dos origamis prediletos dos arrumadeiros - com a minha camisola em forma de leque.



Cisnes e corações em Dahab...






















E o origami campeão! A tartaruga!!!

Pequenas alegrias

Gastronomicamente falando, a mudança de Londres para o Cairo representou uma série de desvantagens. Nada mais de autênticos indianos em cada esquina, restaurantes diferentes, como o afegão de Angel, o melhor iogurte grego da face da terra, chamado Total - que deu até crise de abstinência aqui, tamanho era meu vício no dito cujo - baguette do Sainsbury's, comidinhas de tofu e quorn e várias outras versões vegetarianas de hambúrgeres, salsichas, etc.
Bom, mas tinha o foul e a tameyia - mais conhecidos como tutu de feijão e falafel - e a bomba de calorias do koshari - a mistura de arroz, macarrão, lentilha e cebola frita - que compensavam o chamado "comfort food" que volta e meia comíamos em Londres.
A capital britânica tinha, porém, suas desvantagens. Apesar de você encontrar coxinha, um pseudo-pastel, arroz, feijão e farinha em lojinhas e restaurantinhos brasileiros, não tinha como encontrar requeijão nem outro item que eu procurei durante nossos dois anos e meio lá sem sucesso: queijo branco. Tentei todas as versões de feta cheese que conseguia achar nas vendinhas mas todos eram mais duros e beeeem mais salgados que o vulgo queijo minas. Requeijáo até encontramos um parecido, mas de textura diferente e um pouco mais salgado: um dinamarquês, chamado Puck.
Aqui tivemos uma boa surpresa logo que chegamos. Tem um requeijão importado, da Président, igualzinho ao nosso, sem tirar nem pôr!
Mas hoje veio a melhor notícia do mês: o Julien chegou em casa com um pote de "White Cheese" de low fat and salt, que ele acreditava ser parecido com queijo minas e... ÉÉÉÉÉÉ!!!!!!!!!!!!! Aqui eles também amam feta, mas todos os egípcios na minha opinião são cardíacos em potencial, porque comem comida altamente salgada e fumam, portanto, é a versão low salt que é praticamente igual ao nosso queijo branco - com uma pitada de sal a mais...
Eba! A Gertrudes - minha lombriga - ganhou um pequeno consolo para compensar a falta de iogurte Total!