Wednesday 27 June 2007

Alá lá ô Ô ô ô ô ô ô, ah que calor ô ô Ô ô ô ô!!!


E ontem à noite quebrou o ar-condicionado do quarto.
O técnico que chamamos para consertar já mandou um: "insha-alah" que vai resolver ainda hoje.
O "insha-alah" significa "se Alá quiser" e o diginíssimo técnico fala isso porque se ele não consertar foi por simples vontade de Alá....
Tô botando muita fé não, acho que dormiremos no quarto com ventilador barulhento ou na sala com o outro ar-condicionado.
Verão Africano não é mole não. Como diz um amigo meu famoso filósofo oriental: "Nesse calor até camelo na bunda sua."

Blairgh, passar bem!


O Tony tá se aposentando lá em UK e agora estão considerendo ele para ser uma espécie de "Embaixador da Paz" para o Oriente Médio, principalmente em relação ao conflito Israel-Palestina.
Ah..tá de sacanagem né!!??

Melhor que minhas palavras, um artigo do Robert Fisk no Independent de 23/06:

Robert Fisk: How can Blair possibly be given this job?
Here is a politician who has failed in everything he has ever tried to do in the Middle East
Published: 23 June 2007
I suppose that astonishment is not the word for it. Stupefaction comes to mind. I simply could not believe my ears in Beirut when a phone call told me that Lord Blair of Kut al-Amara was going to create "Palestine". I checked the date - no, it was not 1 April - but I remain overwhelmed that this vain, deceitful man, this proven liar, a trumped-up lawyer who has the blood of thousands of Arab men, women and children on his hands is really contemplating being "our" Middle East envoy.

Can this really be true? I had always assumed that Balfour, Sykes and Picot were the epitome of Middle Eastern hubris. But Blair? That this ex-prime minister, this man who took his country into the sands of Iraq, should actually believe that he has a role in the region - he whose own preposterous envoy, Lord Levy, made so many secret trips there to absolutely no avail - is now going to sully his hands (and, I fear, our lives) in the world's last colonial war is simply overwhelming.

Of course, he'll be in touch with Mahmoud Abbas, will try to marginalise Hamas, will talk endlessly about "moderates"; and we'll have to listen to him pontificating about morality, how he's absolutely and completely confident that he's doing the right thing (and this, remember, is the same man who postponed a ceasefire in Lebanon last year in order to share George Bush's ridiculous hope of an Israeli victory over Hizbollah) in bringing peace to the Middle East...

Not once - ever - has he apologised. Not once has he said he was sorry for what he did in our name. Yet Lord Blair actually believes - in what must be a record act of self-indulgence for a man who cooked up the fake evidence of Iraq's "weapons of mass destruction" - that he can do good in the Middle East.

For here is a man who is totally discredited in the region - a politician who has signally failed in everything he ever tried to do in the Middle East - now believing that he is the right man to lead the Quartet to patch up "Palestine".

In the hunt for quislings to do our bidding - ie accept even less of Mandate Palestine than Arafat would stomach - I suppose Blair has his uses. His unique blend of ruthlessness and dishonesty will no doubt go down quite well with our local Arab dictators.

And I have a suspicion - always assuming this extraordinary story is not untrue - that Blair will be able to tour around Damascus, even Tehran, in his hunt for "peace", thus paving the way for an American exit strategy in Iraq. But "Palestine"?

The Palestinians held elections - real, copper-bottomed ones, the democratic variety - and Hamas won. But Blair will presumably not be able to talk to Hamas. He'll need to talk only to Abbas's flunkies, to negotiate with an administration described so accurately this week by my old colleague Rami Khoury as a "government of the imagination".

The Americans are talking - and here I am quoting the State Department spokesman, Sean McCormack - about an envoy who can work "with the Palestinians in the Palestinian system" to develop institutions for a "well-governed state". Oh yes, I can see how that would appeal to Lord Blair. He likes well-governed states, lots of "terror laws", plenty of security - though I'm still a bit puzzled about what the "Palestinian system" is meant to be.

It was James Wolfensohn who was originally "our" Middle East envoy, a former World Bank president who left in frustration because he could neither reconstruct Gaza nor work with a "peace process" that was being eroded with every new Jewish settlement and every Qassam rocket fired into Israel. Does Blair think he can do better? What honeyed words will we hear?

I bet he doesn't mention the Israeli wall which is taking so much extra land from the Palestinians. It will be a "security barrier" or a "fence" (like the famous Berlin "fence" which was actually called a "security barrier" by those generous East German Vopo cops of the time).

There will be appeals for restraint "on all sides", endless calls for "moderation", none at all for justice (which is all the people of the Middle East have been pleading for over the past 100 years).

And Israel likes Lord Blair. Indeed, Blair's slippery use of language is likely to appeal to Ehud Olmert, whose government continues to take Arab land for Jews and Jews only as he waits to discover a Palestinian with whom he can "negotiate", Mahmoud Abbas now having the prestige of a rabbit after his forces were crushed in Gaza.

Which of "Palestine"'s two prime ministers will Blair talk to? Why, the one with a collar and tie, of course, who works for Mr Abbas, who will demand more "security", tougher laws, less democracy.

I have never been able to figure out why the Middle East draws the Balfours and the Sykeses and the Blairs into its maw. Once, our favourite trouble-shooter was James Baker - who worked for George W's father until the Israelis got tired of him - and before that we had a whole list of UN Secretary Generals who visited the region, frowned and warned of serious consequences if peace did not soon come.

I recall another man with Blair's pomposity, a certain Kurt Waldheim, who - no longer the UN's boss - actually believed he could be an "envoy" for peace in the Middle East, despite his little wartime career as an intelligence officer for the Wehrmacht's Army Group "E".

His visits - especially to the late King Hussein - came to nothing, of course. But Waldheim's ability to draw a curtain over his wartime past does have one thing in common with Blair. For Waldheim steadfastly, pointedly, repeatedly, refused to acknowledge - ever - that he had ever done anything wrong. Now who does that remind you of?

Friday 22 June 2007

Cruzando a fronteira



Todos os meus colegas jornalistas egípcios aqui no Cairo têm dois passaportes: um para viajar para quase todos os países do mundo e um reservado apenas para ir a Israel. A explicação é que uma vez que Israel mete o carimbão que você entrou no país, todos os outros países árabes torcem o nariz e negam entrada assim que avistam as boas vindas israelenses concedidas a você.
Ao cruzar a fronteira da Jordânia para Israel me aproveitei dos meus dois passaportes - que obviamente tenho por outros motivos - e guardei o que costumo usar nos países árabes, mostrando a Israel o outro - no caso, o brasileiro. Aqueles que não têm dois passaportes não precisam se preocupar. O recurso de ter dois é apenas preventivo, já que dá para você pedir para não carimbar o seu passaporte. O problema é que tudo depende do humor dos jovens de 20 e poucos anos na fronteira...
Pois bem, lá fui eu cruzar a fronteira da Jordânia com Israel, que, confesso que era algo que esperava ansiosamente fazer. Afinal, que graça tem trabalhar no Oriente Médio e não cruzar a fronteira para Israel a pé ou de carro? Imaginava policiais revistando minha malas, me interrogando sobre o que eu estava indo fazer em Israel, horas e horas a fio esperando ser liberada para atravessar...
Graças a um esquema VIP organizado para mim, pouco do que eu imaginava se concretizou.
A primeira etapa foi chegar de carro de Amã à Allenby Bridge, também conhecida como King Hussein Bridge, onde fica o terminal de passagem da Jordânia para Jericó, na Cisjordânia. Qual não foi minha surpresa ao entrar numa sala com ar-condicionado e cafezinho árabe para pagar a taxa de passagem e aguardar os preparativos para a travessia? VIP é outra coisa...
Bom, depois de uma meia hora, um outro brasileiro (coincidência absoluta!) e outros quatro gringos entram comigo em uma van, com as nossas malas, e pegamos a estrada para Jericó. Nos 10 minutos de viagem você só vê deserto dos dois lados, além de alguns postos de vigilância e um checkpoint, em que apenas checaram nossos passaportes rapidamente.
Porém, chegando em Jericó, no terminal controlado por Israel, era hora de ganhar uma canseira dos israelenses... O coitado do brasileiro, que trabalha em uma empresa de segurança, levou mais canseira do que eu. Ele pediu para não carimbarem o passaporte. A jovem soldado pareceu indignada e perguntou: "Por quê você não quer carimbo no passaporte?" Ou a menina estava no primeiro dia de trabalho ou só queria dificultar a vida do cara...
Os árabes são os que menos se conformam com esta situação toda. Um senhor, que também estava na salinha do esquema VIP, tomando água gelada grátis para se refrescar um pouco do calor, esperou a soldado terminar de me "interrogar" e disse: "Você não tem de responder tanta coisa para eles, deu muita informação que não pediram. Tem de ser suscinta, dar respostas curtas e grossas". Se ele lesse meus textos saberia que tenho dificuldades em não falar demais!



Não tenho fotos da fronteira, então coloquei aqui duas de outro checkpoint, de Ramallah para Jerusalém.

Monday 18 June 2007

Um muro lamentável…..

Jerusalém é uma cidade realmente única.
Judeus, mulçumanos e cristãos convivem diariamente nessa “bomba emocional”.
Na Cidade Velha (Old City) menos de 200 metros separam ícones das 3 maiores religiões do mundo.
A Igreja do Santo Sepulcro, a Via Crucis para cristãos, o Templo e Muro das Lamentações para os judeus e a Mesquita Al-Aqsa e o a Cúpula da Rocha para mulçumanos. Na Cidade Velha, todo mundo tem que conviver, e é possível.
Não vou aqui me alongar com os conflitos e a história que transformam esse lugar numa espécie única no nosso planeta, até porque tudo ainda está acontecendo nesse instante, agora. Basta ligar a BBC/CNN/Al Jazeera.
Num dos dias que estávamos por lá resolvemos ir até Belém, curiosidade histórica e uma boa desculpa para nos embrenharmos em território ocupado palestino atravessando o mais novo muro dos tempos modernos.
Saímos de Jerusalém, de um ponto de ônibus em frente ao Portão de Damasco na Cidade Velha, o 124. A viagem de aproximadamente 20 minutos nos deixa num dos “checkpoints” do muro, este entre Jerusalém e Belém, exatamente no ponto onde fica a Tumba de Rachel, outro lugar sagrado para o judeus.
Atravessamos o checkpoint a pé, controle de passaporte e detectores de metal. No horário, mais ou menos 12/13hs, o movimento era fraco, mas a demora é mais ou menos a mesma de uma checagem de passaporte e revista em aeroportos. Quando retornamos no final da tarde, o movimento da volta dos que trabalham em Jerusalém e moram na Cisjordânia era grande, e qualquer alerta as autoridades israelenses fecham as fronteiras e nego que se vire pra dormir fora de casa.
Já do outro lado, pegamos um táxi até a Igreja da Natividade para fazer a parte turismo. Andamos pela cidade e vimos como o congelamento do investimento estrangeiro na Palestina tem influenciado por lá. Quase todas as obras de recuperação histórica estão paradas e pelo estado das coisas, por um bom tempo. E veja que mesmo com o embargo Belém não é das mais pobres cidades da Cisjordânia, até pelo investimento com turismo e da própria Igreja Católica para preservar o local do nascimento de Cristo. Mas o turismo está diminuindo e muito, medo dos conflitos e, claro, a dificuldade em atravessar o muro.
É até difícil explicar a sensação de cruzar essa “fronteira”, eu nunca gostei de achar culpados os judeus ou palestinos/árabes pelos eternos problemas de Israel-Palestina. Na minha opinião é pura falta de vontade política em resolver essa situação. Ainda mais quando poítica está misturada com religião, e se você olhar bem, políticos e religiosos falam a mesma língua, as palavras mudam, mas o discurso é o mesmo.
Outras vezes, políticos são os próprios religiosos e vice-versa.
O que fica é o muro, o ódio e o povo, seja ele de que raça ou crença.


P.s. Eu não sei o que os árabes tem com os taxis, aqui no Cairo já é uma relação especial.
E em Belém essas "limosines".

Saturday 16 June 2007

Moda-praia em Tel Aviv



Estou desovando posts hoje... É para compensar a escassez das últimas duas semanas! Terminada toda a cobertura da Guerra dos Seis Dias, tirei quatro merecidos dias de folga para conhecer Jerusalém e Tel Aviv. Agora já com o Julien, que chegou a Jerusalém após 15 horas de viagem (ele foi de ônibus do Cairo até Taba, depois cruzou a fronteira para Eilat - já em Israel - e pegou outro ônibus para Jerusalém). Além de passear em Jerusalém e boiar na água salgadíssima do Mar Morto (detalhes em posts futuros), fomos para Tel Aviv. O Julien classificou a cidade de Guarujá israelense. Eu dou uma nota mais alta, quase um Rio de Janeiro, eu diria. Cidade praiana tem aquela magia: gente vaidosa e saudável praticando esporte, pessoas curtindo o pôr-do-sol à beira do mar, gente tomando uma cervejinha em uma mesinha de bar na areia...
Mas tem cenas que não encontramos nem no Guarujá nem no Rio. Dêem uma olhada:


Aqui um judeu ortodoxo andando no meio da mulherada de biquíni.

E aqui duas mulheres muçulmanas indo nadar, da maneira que elas podem. Notem que uma delas está de bóia em volta da cintura!

Mas o mais curioso da praia em Tel Aviv é a moda-praia masculina... Avistei um senhor de seus 70 anos de cueca, saindo do mar, e pensei: "Não é lá muito estético, mas tudo bem, vá, ele pode". Mas aí olhamos para os lados e percebemos que usar cueca na praia é considerado fashion e alternativo. Tem de todo tipo: desde a tradicional, estilo Zorba, até aquelas de shortinho coladas e as samba-canção. Pelo menos existe semancol em relação à cor: avistei apenas uma branca, a maioria é preta ou cinza. Minha modesta opinião feminina: é tosco demais. Tinha um com uma cueca-tanga, toda laceada e até com um rasgo. Enfim, vai entender os homens...

Porque hoje é sábado!

Sim, hoje é sábado, mas não vou falar de hoje e sim do sábado retrasado, quando eu estava em Jerusalém. Começo na sexta à noite, quando o Shabat, o dia de descanso dos judeus, tinha começado (ele vai do pôr-do-sol de sexta até o pôr-do-sol de sábado). Não sei por quê, sempre associei o Shabat à proibição de dirigir e usar elevador, apesar de saber que as restrições eram muito mais amplas. Descobri algumas quando fui pedir algo para comer à noite pelo room service (como estava trabalhando como uma camela, virei cliente do room service, os atendentes até já sabiam meu nome e o número do quarto, que tristeza...). A conversa foi mais ou menos assim:
- Shalom. Qual é a sopa do dia? (Tentei ser light...)
- Não tem sopa hoje. É Shabat e não podemos esquentar a sopa.
- Bom, então eu queria o sanduíche norueguês. (Uma torrada com salmão de nome chique)
- Também não podemos servir, porque o pão é torrado e não podemos torrar o pão.
- Tudo bem, me dá o pão sem torrar mesmo. Ah, e um suco de grapefruit natural, por favor.
- Não tem suco natural, não podemos espremer a fruta.
- Tudo bem, me dá uma água então!
Me deu vontade de perguntar o que eles estavam fazendo na cozinha se não podiam servir os clientes do hotel de maneira decente...
Na manhã seguinte, o café-da-manhã foi outra experiência única. Para a minha surpresa, ao descer para o restaurante avistei três judeus ortodoxos DENTRO do elevador! Entrei para ver qual era a pegadinha. O elevador estava no piloto automático! Parava de dois em dois andares e todo mundo entrava sem precisar apertar o botão. Quer dizer que usar elevador pode, só não pode apertar o botão???? Que os judeus não me levem a mal, mas isso tem cara de gambiarra...
Café-da-manhã: garrafas térmicas com café preparado antes do início do Shabat (vejam bem: antes do pôr-do-sol, mais de 12 horas antes, imaginem a temperatura do café), ovo cozido gelado (também preparado antes do Shabat) e o mais revoltante: confiscaram o espremedor de frutas do restaurante! Nada de suco natural!
Eu não estou falando de um hotel de uma estrela de meia-pataca dirigida por um judeu ortodoxo. Estou falando do Crowne Plaza de Jerusalém, com centenas de quartos, que recebe hóspedes do mundo todo. Eu respeito o Shabat, acho inclusive muito legal a idéia de reservar um dia para meditação, confraternização e descanso absoluto, mas obrigar os outros a segui-lo é, no mínimo, desnecessário.
Ô, gerente do Crowne Plaza, bota uns árabes na cozinha para atender os clientes que querem seguir a vida normalmente no sábado! E deixa o espremedor de frutas no restaurante para aqueles que não se importam em tocar nele no sábado!



Olhem aí os judeus rezando no muro das lamentações no Shabat. Aliás, era o único dia em que não podia tirar foto ali. Tirei umazinha, de cima de uma cadeira, do lado das mulheres. Não sei de quem foi a infeliz idéia, mas alguém resolveu acabar com uma das conquistas das mulheres, que era rezar juntamente com os homens no muro. Existe uma cerca dividindo homens e mulheres - algo que não existia nos anos 20. O mais revoltante é que o espaço para as mulheres é um terço do tamanho do dos homens. Será que existem três vezes mais judeus do que judias em Jerusalém???

Thursday 7 June 2007

Perdi o sono

Estou em Ramallah, fazendo uma matéria de como a ocupação israelense afeta as novas gerações de palestinos. A entrevista com uma psicóloga do Unicef ainda está pela frente, mas de madrugada eu pude sentir um pouco o estado de tensão permanente que as pessoas vivem aqui. Acordei umas 4h30 da madrugada com o estrondo de uma explosão e levei quase meia hora para desacelerar meu coração e tentar dormir novamente. Não adiantou muito, porque houve um novo estrondo por volta das 5h e não adiantou puxar o cobertor para cima da cabeça... Perdi o sono.



As crianças aqui falam com ódio de Israel e dizem que os "judeus" não querem deixar elas estudarem, que vão às escolas e jogam bombas de gás nelas. É impressionante ver crianças de 7 anos falando que matariam todos os judeus se pudessem.
Mas acordar com o barulho de explosões, ver soldados armados circulando no lugar onde você mora, enfrentar várias barreiras policiais para chegar à escola e ouvir histórias de amigos, parentes ou conhecidos mortos em ataques israelenses é traumático até para um adulto, imagine para uma criança.
Não é â toa que encontrei garotos como o Hamsa, de 14 anos, que desde os 11 luta pela causa palestina. Toda sexta-feira, depois das orações, ele se junta a um grupo de palestinos que vão protestar contra a construção da polêmica "barreira", que hoje ainda é uma cerca elétrica. Olhem aí a coleção de "brinquedinhos" que ele se orgulha de ter recolhido dos confrontos com os soldados israelenses: várias balas virgens, uma bomba de gás que não explodiu e várias bombas de fazer barulho.
Dá para ter uma infância normal aqui?

Tuesday 5 June 2007

Moda militar



Bom, primeiramente, tenho de explicar que andei sumida porque quase enlouqueci produzindo uma cobertura sobre a Guerra dos Seis Dias para a BBC Brasil. Fui para a Jordânia, a Cisjordânia e estou em Israel, mais especificamente em Jerusalém. Tenho um moooonte de coisas para contar, como o cruzamento da fronteira da Jordânia para Israel, o campo de refugiados palestinos que visitei na Jordânia e muitas impressões de tudo.
Mas como eu ainda continuo enlouquecida porque o trabalho ainda não terminou, vou contando tudo com calma. Mas achei que estava devendo um "olá" aqui...

Mas vamos ao assunto de hoje: a juventude militar israelense. Eu sempre AMEI roupas verde-musgo e a moda militar e, como vocês devem saber, aqui o serviço militar é obrigatório para TODOS os jovens, homens e mulheres. Apenas judeus ortodoxos parecem estar isentos. Imaginem, então, quantos jovens com roupas militares existem por aqui! Logo que cheguei, fiquei babando nas roupas deles. E é desfile de moda: as meninas usam as fardas com sandalinhas de couro, as calças são baixas e superfashion, nada parecidas com as calças que eu comprava na Avenida Tiradentes, no centro de São Paulo, que tinham a cintura lá no peito e eu tinha de ficar enrolando para baixo para ficar com uma cara melhorzinha... Sem falar nos coturnos! O par que eu comprei na Tiradentes machucava o pé de tão duro que era o couro. Aqui, parecem botas da Dr. Marteens...
Bom, mas a minha babação parou nas roupas, porque um pequeno "detalhe" me assustou bastante: a maioria destes jovens carrega espingardas ou metralhadoras a tiracolo como se fossem o cachorrinho da Paris Hilton. Eu morro de medo de armas e abomino os seres que tiveram a infeliz e inconseqüente idéia de inventar estas geringonças, mas aqui parece que ninguém compartilha das minhas aflições. Na verdade, acho que encontrei uma pessoa que também não acha tudo isso muito normal: no domingo resolvi comprar uma cervejinha numa loja de conveniência só para o fim-de-semana não passar despercebido, já que trabalhei como uma camela.
O atendente perguntou se era para abrir a minha garrafinha long neck e eu perguntei se não tinha problema em andar na rua com uma cerveja na mão. A resposta foi perfeita: "Se as pessoas andam para cima e para baixo com armas, você acha que não pode andar com uma cerveja?"

Saturday 2 June 2007

Um pouco de cultura! Sempre bom.


Show do Iraquiano Naseer Shamma no centro cultural "El Sawy Culture Weheel".

O Nasser é bem famoso no Oriente Médio, ele toca o Oud http://en.wikipedia.org/wiki/Oud , uma espécie de viola muito apreciada aqui por essas bandas.
O show foi muito bom, recomendamos!
Pra quem tiver um tempinho, 1 minuto e 49 segundos, tem um vídeo do show.

Mais sobre o Naseer Shamma: