Monday 30 June 2008

Cogumelos



Da mesma forma como estes cogumelos apareceram no quintal da nossa casa, meu irmão desapareceu deste mundo: de repente, sem avisar ninguém. Só que de alguma forma eu achei que a aparição dos cogumelos - espécimes tão minuciosamente estudados por meu irmão - era um sinal de que ele está mais presente neste mundo do que eu imagino. E, obviamente, proibi o Julien de tirá-los do quintal. Eles acabaram murchando, mas a memória do Kizz não. Hoje, exatamente um ano depois de ele ter partido para outro lugar, ele esteve mais presente do que nunca.

Logo cedo, vesti a calça que eu comprei para ele na Tailândia e que ele adorava e fui para a minha yoga. Dediquei minha aula de hoje a ele e em homenagem a ele tomei um chuveiro geladaço depois. Fui de bike para o trabalho e pensei que ele deve estar orgulhoso de me ver pedalando tanto todo dia. Olhei para o lindo céu azul royal ao voltar para a casa e pensei que a natureza resolveu homenageá-lo nesta data tão triste para nós que ficamos aqui sem ele.

Tentei pensar que hoje é apenas mais um dia sem ele, encarar o dia com leveza, mas é impressionante como o ser humano tem boa memória para os momentos de dor. E como parece que tudo aconteceu ontem. Que eu ainda estava no Cairo, que eu li o pior e-mail da minha vida e senti uma dor na minha alma e um desespero sem tamanho que parecia não ter fim.

O desespero, ainda bem, passou. A dor está aqui e volta e meia resolve se manifestar, mas acho que aos poucos ela vai aparecer com menos freqüência e dar espaço para as lembranças boas desta pessoa maravilhosa que era o meu irmão, deste ser que viveu a vida como se todo dia fosse o último da vida dele. Talvez ele tenha seguido um ditado escrito atrás da porta do banheiro da minha yoga: "Life is not measured for the number of breaths we take, but for the moments that take our breath away."

Kizz, espero que você esteja aprendendo muito aí no seu mundo novo e um dia a gente volta a se encontrar. Até lá, continue visitando a gente com seus cogumelos, pés de café e pores-do-sol de take our breath away. Te amo muito, meu irmão.

Sunday 29 June 2008

Radiohead

Data: 25.06.2008
Local:Victoria Park - London
Meio de transporte: Bicicleta
Combustível: Cerveja, isso sim é biodiesel. Com moderação.


Radiohead - Karma Police

Sunday 15 June 2008

Tia Lourdinha

Hoje alguém no céu ganhou uma parceira pra jogar buraco, se não tiver um jogo ela com certeza vai ensinar uns 3 ou 4 por lá, mas ficar sem jogar, ahh, ela não vai não. Pode perguntar pros sobrinhos todos, aqueles que ela não ensinou aprenderam com os que foram ensinados por ela, só era difícil ela acertar os nossos nomes, mas até aí tadinha, foram mais de 20 contra uma......
Em outros momentos a Tia Lourdinha vai ver uma boa novela e passar intermináveis horas com palavras cruzadas e Agatha Christie.

Mãe, Vovó, tios, tias e primaiada, estamos e estaremos todos tristes mas tenho certeza que ela tá em um lugar especial e feliz, sem dor.

Ah, e absolutamente tem Silvio Santos, não só de domingo, qualquer dia que ela quiser, sem nenhum de nós pra pentelhar ela ou ficar mudando de canal.

Um beijo tia, cheio de saudades.

Wednesday 11 June 2008

Girls Night



Aqui na Inglaterra - e provavelmente em vários outros países - existe um hábito muito legal de um grupo de amigas se reunirem regularmente para fazer algo juntas, sem marido, namorado, amaziado ou qualquer outra categoria do sexo masculino. As Girls Nights, como são chamadas estas saídas noturnas, podem ser desde um drinque no bar até uma aula de dança burlesca (sim, esta é a idéia de algumas amigas minhas para o futuro próximo). Nós resolvemos aproveitar o lançamento do filme mais "girlie" do ano para promover uma Girls Night digna de troféu. Nós e metade das mulheres de Londres.



Lá fomos nós, 8 mulheres, assistir à estréia do filme "Sex in The City" no Barbican, um centro cultural muito legal no centro da cidade. Reservamos os lugares com semanas de antecedência e mesmo assim pegamos a raspa do tacho.

No dia do filme, a mulherada já chegou ao trabalho na estica: a maioria de vestidinho ou algum brilho na roupa. Parecia que íamos ao teatro ou ao balé (pelo menos em alguns lugares, o pessoal ainda se veste bem nestas ocasiões, o que não acontece muito com os londrinos).

Chegando lá no cinema, obviamente o bar oportunista do Barbican estava vendendo Cosmopolitans a cinco pounds o copinho. Mas a gente tinha de tomar, né?! :-)
Dentro da sala, dezenas de mulheres tricotando, rindo alto, fazendo escândalo, deixando os três homens presentes (ou perderam algma aposta ou são gays ou não tinham idéia de onde estavam se metendo) se perguntando o que estavam fazendo ali no meio daquela feira. Eu que gosto de assistir aos trailers e aos comerciais no cinema, tive de aceitar que este era um filme diferente e participar do tititi.

Quando as luzes se apagaram, gritos e aplausos. E quando os primeiros acordes da música de abertura da série tocaram, maaaais gritos e aplausos. E, finalmente, silêncio para o filme!
Não vou dar detalhes do filme para não estragar. Só posso dizer que é um caldeirão de todas as emoções femininas possíveis. O resultado é que dei boas risadas, chorei bastante e fiquei com muitas, muitas saudades de várias amigas especiais que não estavam naquele cinema comigo. Sorte estar com algumas boas amigas ali, mas saí do filme pensando nas que não estavam. E chorei mais.

Portanto, preparem seus lenços, meninas, porque o filme pode parecer tudo o que dizem por aí - fútil, um excesso de propagandas fashion e girlie até o último fio de cabelo (com chapinha) - mas, assim como a série, fala sobre quatro amigas que se adoram e que fazem tudo pela felicidade umas das outras. E sempre estão ali nas horas difíceis. E páro por aqui para não cair no choro de novo!

Wednesday 4 June 2008

Abaixo à bebedeira!



Sábado à noite no metrô de Londres a maioria das pessoas está preparada para ir para a balada. A mulherada com os figurinos de festa (alguns de bom gosto e outros absurdamente cafonas e sem noção) e a homarada já esquentando com uma cervejinha - ou uma cidra (afinal, agora é - ou melhor dizendo, deveria ser - quase verão). No último sábado à noite não foi diferente. Só que muitas mulheres estavam fantasiadas (utilizando a palavra ao pé da letra) e todos estavam com copos de champagne, drinques, garrafas de cerveja e cidra na mão. Pela última vez.

O novo prefeito de Londres, Boris Johnson, resolveu proibir o consumo de bebida alcoólica no transporte público e para protestar contra a medida foi organizado o último brinde na Circle Line do metrô - uma linha que, como diz o nome, é circular, portanto não tem ponto final e as pessoas não precisam sair.

Nós pretendíamos comparecer - o Julien porque é contra a medida e eu porque queria filmar para o blog - mas uma 'girl's night' com outras 7 mulheres para ver 'Sex in The City' e depois tomar cosmopolitan na sexta-feira e um plantão de fim-de-semana do Julien sugaram nossas energias.

No final das contas, as cenas no metrô retratavam exatamente o que acontece quando a galera sai à noite nos pubs: muita gente bebe demais e acaba dando vexame, caindo por aí e partindo para a violência. Várias pessoas foram detidas e teve até funcionário do metrô levando soco pelo Boris.

Fiz questão de votar no prefeito anterior, Ken Livingstone, para impedir a entrada do Boris, mas confesso que não acho errada a medida de proibir álcool no metrô. Sim, é uma gota no oceano para diminuir a descontrolada bebedeira juvenil que este país está vivendo, mas acho que é um começo. E cá entre nós: em que país civilizado a lei permite beber no transporte público?

Aliás, em que país civilizado a lei permite que os pais sirvam álcool a filhos maiores de 5 - CINCO! - anos de idade? Aqui na Grã-Bretanha pode. O governo estuda (vejam bem, ainda há controvérsias a respeito) mudar uma lei de 1933 que autoriza o consumo de álcool por 'maiores de 5 anos'. A proposta é aumentar esta idade para 18 anos e penalizar os pais que não controlarem seus filhos. Ou seja, é 8 ou 80...