Sunday 26 October 2008

Calor, hormônios e pessoas do bem

Cá estou em Miami, nos EUA, provavelmente na minha última viagem a trabalho durante um bom tempo, já que com um bebezinho lindo para cuidar a rotina vai mudar “um pouquinho”!

Há pouco anos, tinha me prometido nunca pisar nos Estados Unidos, por rebeldia. Me revoltava o fato de os americanos acharem que o mundo quer conhecer “a América” e dificultarem tanto a entrada de tanta gente que queria entrar no país.

No entanto, estou aqui pela quarta vez (três a trabalho e uma por insistência do Julien, louco para conhecer Nova York – e esta valeu a pena!) e toda vez que enfrento a fila da imigração me pergunto por quê as pessoas ainda se esforçam tanto em vir para cá.

Bom, mas decidi aproveitar ao máximo minha última viagem a trabalho e o sol e o calor grudento de Miami, com a promessa que desta vez não posso trabalhar madrugadas adentro, pular refeições nem andar como uma condenada na rua porque tenho de cuidar de mais alguém além de mim.



As pessoas esperaram entre 2h e 3h na fila para votar antecipadamente em Coral Gabels.





Infelizmente, quebrei algumas destas promessas logo no primeiro dia. Fui filmar num posto de votação em Coral Gabels (o equivalente aos “Jardins”, em São Paulo) e quando resolvi sair de lá para outro posto de votação percebo que não há NADA por perto além de carrões circulando pelas largas ruas em meio aos verdes gramados em frente às imensas casas do bairro. Nenhum táxi, nenhuma avenida principal, nada!



Só carros e grama para todos os lados...









Assim que avistei um carro da polícia, pedi para ele chamar um táxi. 40 minutos depois, lá estava eu de pé, com sede e fome, esperando pelo carro. O policial gentilmente providenciou uma garrafinha de água do posto de votação e depois de secá-la resolvi sair andando para tentar encontrar um táxi.

Encontrei uma avenida. Depois de meia hora andando no calor de mais de 30ºC (vejam bem, o verão de Londres não chegou a isso este ano), parando nas esquinas para descansar, chamando vários táxis que passavam já com passageiros, minha culpa foi aumentando e me achei a mãe em potencial mais irresponsável do mundo. Os hormônios deram uma força e comecei a chorar, sem saber o que fazer.

E foi aí que vi que o mundo ainda não está perdido. Uma mulher parou o jipe dela para me ajudar, me fez entrar no carro dela e me levou até o prédio onde mora para chamar um táxi. Quando disse que estava me sentindo culpada, por estar grávida, sem comer, andando no sol a pino, ela me deu um resto de sanduíche que elas tinham embrullhado para viagem depois do almoço na lanchonete.

Quando falei que era do Brasil, ela imediatamente passou a falar português – nitidamente gringa – explicando que o pai da filha dela mora no Rio de Janeiro e que eles são muito amigos de um jornalista brasileiro... o Diogo Mainardi!

“Ele é muito legal. É engraçado como ele é uma pessoa como jornalista e outra completamente diferente entre os amigos. Adora falar de crianças e nem fala sobre jornalismo.” Surpresa!

O táxi chegou em cinco minutos e nos despedimos. Agradeci imensamente o favor e ela disse: “Pronto. E agora você pode falar que também encontrou pessoas boas nos Estados Unidos.” Encontrei, sim! :-)

Monday 20 October 2008

Visite a nossa cozinha.

Histórias macabras.

A polícia aqui de Londres foi chamada para averiguar uma denúncia de um homem morto dentro de um Kebab Shop (são pequenas lanchonetes que vendem o Kebab, ou "churrasco grego", um dos lanches preferidos nas noitadas em quase toda a Europa).

Eis que a polícia constata que dentro da loja, sentado num sofá perto da entrada da cozinha está o morto. Aparentemente morreu de causas naturais. Até aí uma coisa que pode acontecer em qualquer estabelecimento.

O morto era funcionário da lanchonete, mas mesmo assim, como se nada tivesse acontecido, estava lá o dono vendendo lanches e batata-frita para os clientes que não percebem um cadáver logo ali, do lado da comida.

Acabou? Não....

Os policiais resolveram investigar a lanchonete e na cozinha tigelas de comida, frango descongelando etc etc estavam abertos e com dezenas de moscas em cima. Um homem fumava e constantemente cuspia no chão da cozinha!!

No banheiro ao lado, um cheiro terrível e mais moscas.

O lugar já era conhecido da vigilância sanitária da cidade, onde anteriormente fiscais já haviam encontrado ratos. Aliás, não dava pra ter fechado o local nesse dia?Precisava mais?

O local foi fechado (hoje funciona sob nova direção), multado e o dono proibido terminantemente de possuir qualquer tipo de negócio envolvendo comida.

E tem gente que acha que deixar o celular cair na pimenta é refresco nos olhos dos outros......

Gosto muito de kebab mas agora com o dobro ou triplo do cuidado porque em certos lugares, com o perdão da piada, nem morto!

Ta aí a matéria da BBC:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/7670211.stm

Monday 13 October 2008

Cripes! I’ve got nomophobia

Já que o povo aí do Brasil tá no clima de eleições para prefeito, vai aqui uma lista de novas palavras do vocabulário Londrino, muitas delas "criadas" ou adotadas pelo nosso multimídia e extravagante prefeito.
Minhas preferidas:
"Nomophobia" (não sei traduzir), ou o medo de estar numa área fora de contato com celular;
"Googlebilidade", ou a facilidade e/ou probabilidade de um nome, objeto ou assunto pode ser achado na internet;
"Cripes", o ato de demonstar surpresa ou choque. Uma das palavras preferidas do prefeito Boris. Ex:
Alguém te conta: "Em SP o segundo turno é entre a Marta e o Kassab."
Resposta: "Cripes!!!!"
A matéria explica que no ano de 2008 mais de 100 novas palavras foram incluidas no linguajar inglês, como "glamping", que é o ato acampar com luxo ou glamour. Outro dia eu li que o "glamping" foi uma novidade causada pelo "credit cruch" (aperto de crédito), quem nao teve dinheiro pra viajar com luxo, oras, acampou com luxo.






Cripes! I’ve got nomophobia
STEVE. MYALL
Thelondonpaper
02 Oct 2008

THE word is there are some new expressions doing the rounds and if you’re still bovvered about the difference between bling and chav you’re behind the times. According to experts, 2008 has already given the English language more than 100 new words,...read more...
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Friday 10 October 2008

Panfletos inúteis?

“Our junk mail tells us more about ourselves than we can imagine.” Com esta frase curiosa, Mark Craig, o apresentador de um documentário encerrou seu programa, “First Cut: Junk Mail Britain”, que passou no Channel 4 (um dos melhores canais aqui na Grã-Bretanha, na minha opinião) na noite desta sexta-feira.

Eu adoro a televisão britânica. As idéias que as pessoas daqui têm para documentários são incríveis e talvez elas sejam tão criativas porque a televisão daqui aposta nas sugestões mais surreais que chegam a elas.

Neste caso, Craig reuniu centenas dos irritantes panfletos de anúncios que recebia em sua caixa de correio e foi atrás das pessoas que cuidavam dos negócios anunciados. Assim ele descobriu que existe uma enorme comunidade brasileira no bairro onde ele mora, Willesden, e descobriu também o sabor da pizza brasileira (boa notícia para ele - e para nós, ávidos por uma boa pizza neste país de “pan-pizza”!).

Craig também encontrou uma família de poloneses para descobrir que os trabalhos que eles antes faziam praticamente de graça – pintar parede, encanamento - por causa do excesso de mão-de-obra do país do leste europeu agora custam mais caro, talvez porque muitos deles estejam voltando para a casa com a desvalorização da libra. “Não estamos mais em 2003, meu amigo. Agora nós também queremos ganhar um salário justo pelo nosso trabalho”, disse a polonesa.

O apresentador também visitou um estúdio de yoga que antigamente era uma área abandonada, frequentada por usuários de drogas. Agora, é um espaço zen, que ensina yoga até para famílias de refugiados.

Craig conversou com a testemunha de Jeová, com o distribuidor de comida orgânica, com o policial que vigia o bairro – que os moradores conhecem carinhosamente pelo primeiro nome, Greg. E Craig ficou feliz em poder chamar o policial do bairro pelo primeiro nome. E disse que durante os cinco anos que morou em Willesden nunca conversou com tantas pessoas como nos poucos dias durante os quais fez o documentário.

A idéia de Craig deu vida aos panfletos que muitas vezes jogamos fora sem olhar.
E deve ter feito muita gente refletir se a nossa vida acelerada não está nos tornando pessoas frias, que nem cumprimentam o vizinho, quanto mais sabem quem é que faz a ronda policial em sua área ou entrega suas cartas...