Tuesday 30 June 2009

Saudades sem fim

Comecei a escrever este post duas vezes, apaguei tudo e aqui estou eu tentando começá-lo pela terceira vez. A verdade é que não quero mais marcar esta data tão triste no blog. Sei que não vou conseguir, mas se eu pudesse, apagaria da minha memória tudo o que aconteceu há exatamente dois anos, quando meu irmão nos deixou. O pior é que minha memória é tão boa que me lembro até de cenas que não vi, mas que mentalizei na minha cabeça quando fui recebendo mais e mais detalhes de como tudo aconteceu. As cenas me perseguiram durante todo este mês e chorei, chorei várias vezes, algumas copiosamente.

Tenho muitas, muitas, muitas saudades do meu irmão e não consigo me conformar que não vou mais vê-lo neste mundo, nesta encarnação. A minha esperança é que a Mila pelo menos esteja vendo ele. Às vezes, ela fica com o olhar fixo em uma parede ou um teto brancos. E de repente morre de dar risada. Sempre acho que é o Kizz fazendo alguma palhaçada para ela rir e mostrar que está aqui com a gente.

O Julien também diz que ele estava lá no hospital, segurando a mão da Mila, quando expulsaram todos os parentes da sala e enfiaram uma injeção na coluna dela.
Eu espero mesmo que ele esteja curtindo a Mila junto com a gente lá de onde ele estiver. E pelo menos um traço ela tem do tio: os lindos olhos azuis!
Kizz, amo você e espero que você esteja em paz.

E chega de posts para marcar esta data triste. Daqui para a frente, vou celebrar apenas uma data muito mais importante, a do seu nascimento, que iniciou uma era de 33 anos com o presente de ter você entre nós!


Tomei a liberdade de publicar aqui uma foto tirada pelo meu irmão, que adorava gatos, cachorros, pássaros, insetos...

Thursday 25 June 2009

O fiasco de Wimbledon

Nooossa, faz tempo, hein?! Já deu até tempo de a Mila completar os tão polêmicos três meses e, tenho de dar o braço a torcer, tudo fica mesmo mais fácil mesmo. Mas passaaaar, passaaaar, não passa tudo, não.

Bom, mas com a Mila cada vez mais bebê e menos serzinho indefeso todo molenguinha, estamos aproveitando muito o verão que este ano resolveu aparecer por aqui (ele faz visitas esparsas, normalmente resolve dar as caras uma vez a cada quatro anos...). A Mila já foi para churrasco, feijoada, piquenique e já conheceu vááários parques. Fez até viagem internacional, de Eurostar, para a Bélgica!

Continuando a curta vida cheia de atividades da menina, resolvemos levá-la para Wimbledon para curtir um dia de sol no complexo onde está sendo realizado o torneio de tênis.

Milagrosamente, conseguimos atrasar apenas 15 minutos para sair de casa (a média estava sendo uma hora...) e lá fomos nós pegar o ônibus até a estação de Waterloo para pegar o trem e depois outro ônibus para chegar até o local. Resumo da ópera: levamos mais de duas horas para chegar lá.


A Mila andou de Routemaster!









Obviamente, como nenhum bebê é de ferro, ainda mais no baita calor que fez na quarta-feira, ela ficou com sede/fome e começou a berrar na última condução. Como se não bastasse, o ônibus nos largou no portão 13, sendo que a fila para entrar no lugar era centenas de metros antes do portão 1! Lá fomos nós na dura caminhada, com um bebê berrando de fome, crentes que iríamos resistir - leia-se EU iria resistir - ao choro até entrarmos no lugar.

Não deu. Saquei a Mila do carrinho e dei o peito para ela mamar ali na calçada, de pé. O prêmio foi uma Mila calminha - consequentemente uma mãe e um pai calmos também - até chegarmos na fila, que é carinhosamente chamada de "the Queue", porque todos os anos centenas de pessoas enfrentam madrugadas em claro e horas de sol na cabeça para conseguir um lugar para assistir a algum dos jogos mais concorridos.

Acabamos descobrindo que não são apenas estas pessoas que enfrentam as condições adversas. Os pobres cidadãos que só querem entrar no complexo, como nós, para sentir um pouco do clima de Wimbledon e assistir aos jogos num telão sentados em um gramado, também têm de enfrentar tudo isso!

A previsão naquele dia de sol e calor, em que metade da Inglaterra parece ter tido a mesma idéia que nós, era de uma espera de no mínimo 4 horas na fila... Seria muita maldade com a Mila e resolvemos desistir.


Barrada em Wimbledon.





Na volta, uma jovem voluntária que trabalhava orientando o público nos recomendou o caminho inverso do que fizemos para dar a volta pelo complexo e chegar ao portão 13 para pegar o ônibus. Como já tínhamos comprado o bilhete de ida e volta do ônibus, optamos por andar até lá em vez de pegar um ônibus de linha quase na nossa frente naquele momento.

Eis que o caminho que a mocinha indicou era o maior mico! Acabamos caindo no bairro residencial, cheio de casas divinas e caríssimas aliás, e andamos, andamos, andamos... Calor, Mila impaciente, sede, fome, decepção de não ter entrado, e finalmente chegamos no ponto do ônibus. Ah, mas quem disse que o Julien achava as passagens de volta??? Não achou...

Entregamos os pontos e pegamos um táxi para a estação de trem antes de eu ter de amamentar a Mila mais uma vez no meio da calçada naquele calorão.


Também foi a primeira viagem de black cab dela!

Acabou sendo uma ótima idéia, pois o taxista cobrou quase o mesmo preço do ônibus e ainda nos levou a um pub na Village de Wimbledon, com televisão e comida boa! A Mila mamou em paz e assistimos aos jogos, apesar de não termos vivenciado a experiência de Wimbledon in loco. Nova operação de guerra como esta talvez no ano que vem. Mas só com entradas na mão, para evitar a fila!


Wimbledon por trás das grades.