Wednesday 23 December 2009

Pink Stinks



Depois do ultrassom que revelou o sexo do meu bebê, cheguei na redação, feliz da vida para anunciar que era uma menina e logo acrescentei: "Mas peloamordedeus, não me encham de roupas cor-de-rosa!", sob protestos das minhas colegas.

Nunca gostei muito da cor. E acho um absurdo ser obrigada a vestir minha filha de rosa dos pés à cabeça só porque ela é menina.

E não estou só. Recentemente, o jornal britânico The Guardian publicou uma matéria que gerou bastante polêmica, sobre duas irmãs que resolveram iniciar uma campanha chamada PinkStinks para acabar com essa doença das meninas por pink, rosa, seja lá como chama a cor.

A matéria é bem interessante e começa com um fato novo para mim: rosa era a cor de meninos até pelo menos 1927, porque era considerada uma cor mais forte, muitas vezes associada a sangue, enquanto que azul era uma cor mais delicada, mais apropriada para meninas, associada à Virgem Maria.

A doença rosa parece ser mundial. Lá na Inglaterra (ah, para os desavisados, estamos no Brasil, aproveitando muuuuito o verão!) muitas meninas se cobrem de pink, algumas mães andam de carrinhos de bebê pink e elas próprias também estão vestidas de pink. Aqui no Brasil, fiquei besta ao ver que a C&A tem uma seção toda pink, acho que da Barbie, e a propaganda da Barbie na TV abraçou a bandeira de "viva o rosa", porque é "fashion".

Como ressalta bem a matéria do Guardian, o resultado disso é uma menina que não usa a cor se sentir excluída da turma, numa idade que a aceitação do grupo de amigas é tudo. E assim, crescem várias mulheres-objeto, que viram aqueles bombons sonho-de-valsa estilo Paris Hilton.

Outra observação pertinente da matéria: por quê é tão importante definir o sexo de um bebê? Por quê eles não podem ser unissex e usar qualquer cor?

Ao ouvir que eu não queria nenhum presente rosa para a Mila, minha amiga Iracema, que é mãe de uma menina (aliás, vai ganhar um menino em breve e teve de se desfazer de um mar de roupas rosa), logo avisou que seria impossível se livrar da cor. A Mila tem coisas rosa - a maioria recebida de presente - e algumas são bem bonitinhas e ela usa (é bom avisar aos amigos que deram coisas rosa que ela está usando tudo, hehehe!).

Não sou anti-pink, mas tento tratar a cor como outra qualquer do guarda-roupa da Mila e sempre que ela está com algo rosa, o resto é marrom ou cinza ou alguma outra cor mais neutra. Mas confesso que, ultimamente, tenho ficado até um pouco orgulhosa quando confundem a Mila com um menino...