Monday 26 July 2010

Turbilhão de novidades

Sei que estamos devendo um post há muuuuito tempo. Foram alguns meses intensos, cheio de novidades boas e outras nem tão boas assim, mas que acho vão resultar em coisas legais no futuro!

Do último post para cá, a Mila entrou na creche, eu voltei ao trabalho (meio-período) e... saí do trabalho. Definitivamente.

Vamos em partes: a Mila acabou entrando naquela mesma creche onde ela passou um dia de experiência. Só que, diferentemente daquela época, ela já estava um pouco maior e a adaptação com as outras crianças foi bem mais fácil. Tudo bem, a nossa pequerrucha continuava sendo a mais nova e era a única que ainda não estava andando, mas isso foi mais porque ela começou a andar tarde do que pela diferença de idade (o segundo bebê mais novo tem dois meses a mais do que ela). Ela vai à creche por meio período três vezes por semana e AMA ir para a creche - e acho que eu também amaria, porque as pessoas que cuidam dela são muito, muito legais, a comida é toda orgânica e semi-vegetariana (tem peixe) e o cardápio é bem interessante (como panquecas de espinafre com ricota, jacket potatos com baked beans, queijo e atum, chilli vegetariano com arroz e feijão), e eles fazem inúmeras atividades durante o dia (recebemos uma programação toda segunda-feira, explicando o que será feito durante a semana, em que áreas de desenvolvimento eles vão focar e como). Enfim, a baixinha está bem-encaminhada, entrosada, agora já anda com os outros e quando chega na creche já tem umas outras mini-gentes falando "Mila! Hello, Mila!".

E eu voltei ao trabalho, o que foi um tanto quanto traumático no início. Estava bem feliz de rever os colegas na seção e deu para matar as saudades do clima de redação, mas passei a exercer a função que menos gosto, que é trabalhar na parte de Internet. Além disso, só tinha meia hora de almoço, o que fazia com que todo mundo saísse para almoçar enquanto eu ficava responsável pela página em uma redação vazia e quando todos voltavam do almoço, devidamente alimentados e com sua parcela de socialização cumprida, eu saía correndo para comprar alguma comida e engolfá-la antes de voltar a digitar como uma louca.

Quando saía do trabalho, às 15h, voltava diretamente para a casa, pois ainda estava (e estou) amamentando a Mila. Logo depois de mamar, corria para a yoga. Depois, jantar da Mila, banho e mais uma mamada antes de ela dormir. E depois, finalmente, a nossa janta. E cama. Torcendo para a Mila não acordar para mamar durante a noite para tentar descansar antes de mais um dia corrido. Só que pelo menos duas ou três vezes por semana ela acordava de madrugada...

Por outro lado, sabia que tudo isso tinha data para acabar. A BBC Brasil abriu um programa de demissão voluntária no final do ano passado e, depois de muita reflexão e de pesar os prós e contras, decidimos que pode ser a hora de, aos poucos, iniciar o processo de retornar ao Brasil. Não foi uma decisão fácil. Nunca fiquei tanto tempo em um emprego e não era simplesmente por falta de opção. Era porque amava trabalhar lá, aprendi muito, fiz coberturas maravilhosas, viagens inesquecíveis, matérias que me deram muito prazer em fazer, filmar, gravar, editar, escrever. Mas a Mila chegou e sabia que nos primeiros anos de vida dela tudo também seria diferente no trabalho. Então, a decisão foi pelo menos sair com um pacote de demissão.

Meu chefe pediu para eu trabalhar até o fim da Copa. Portanto, quando meus pais vieram nos visitar, infelizmente, ainda estava trabalhando, o que resultou em mais um período corrido, de trabalho, yoga, amamentação e sempre que possível, passeio com meus pais, afinal não é sempre que eles estão aqui e queria aproveitar ao máximo o tempo com eles!

A Copa terminou, meus pais voltaram ao Brasil, eu saí do trabalho (o que não foi - e ainda não está sendo - fácil) e agora estou me dedicando ao nosso próximo projeto: curso de formação de professor de yoga. Há quatro anos, comecei a fazer Bikram yoga (26 posições de hatha yoga brilhantemente combinadas por um indiano chamado Bikram Choudhury, praticadas em uma sala aquecida a 40ºC) e fiquei completamente apaixonada pela prática e pelos efeitos no meu corpo e no meu espírito. Viciei tanto que só de pensar em voltar ao Brasil e não praticá-la mais (apesar de existirem centenas de estúdios pelo mundo, ainda não existem estúdios de Bikram yoga no Brasil), me dava tristeza. E decidi que esta não era uma opção.

Decidi fazer o curso de formação de professores de Bikram yoga, que ocorre duas vezes por ano, durante 9 semanas, normalmente nos EUA (é onde o Bikram vive e ele que dá o curso). Quando pensei em fazer o curso, queria apenas conhecer a prática suficientemente bem para poder fazê-la sozinha no Brasil, mas a idéia foi crescendo, passei a ter vontade também de passar essa experiência maravilhosa para outras pessoas e assim decidi virar professora. E desta idéia para o plano de abrir um estúdio de Bikram yoga no Brasil foi apenas um pulinho.

Ainda não sabemos se o plano vai funcionar (não sei nem se vou sobreviver sem jornalismo na minha vida), mas estamos caminhando nesta direção. Passei a treinar mais intensamente para o curso (já que lá vou ter de fazer 2 aulas de pelo menos 1h30 por dia, além de aulas de anatomia, filosofia da yoga, etc, etc, e workshops das poses da série), a decorar o texto da aula (a aula são 90 minutos falados non-stop pelo professor) e em setembro voamos para San Diego, Califórnia! Eu tenho de ficar obrigatoriamente hospedada no hotel onde será realizado o curso e o Julien e a Mila provavelmente ficarão em um flat próximo ao hotel (com piscina e churrasqueira, naaada mal...).

Sei que nem todos se interessam pelo assunto, mas pretendo abrir um blog para contar minha experiência no curso, que todos os ex-alunos descrevem como uma experiência que mudou sua vida completamente. Assim que o blog estiver ativo, vou colocar o link aqui.

São muitas mudanças, estamos extremamente ansiosos, tem dias que me dá uma tremenda dor-de-barriga, uma insegurança de não saber ao certo o que vai acontecer daqui para a frente, mas mudanças são boas. Ajudam-nos a crescer. E nunca é tarde para se reinventar, como diz o próprio Bikram: "It's never too late, it's never too bad, and you're never too old or too sick to start from scratch once again."