
Normalmente, assim que um turista chega a Londres ele se depara com a maravilha do metrô - ou o "tube", como é chamado aqui - que o leva para todos os pontos que ele quer conhecer na cidade (isso depois de um certo período de adaptação em que se corre o risco de pegar o trem para a direção oposta ou mesmo para a direção certa, mas rumo à bifurcação errada).
Tenho lembranças saudosistas da Central Line, que me levava de Queensway a Holborn todos os dias em 2004, quando cheguei a Londres, e até hoje quando uso a linha e ouço a voz gravada que anuncia as estações meu coração se enche de emoção e alegria, exatamente o que senti quando cheguei aqui na cidade. Também me emocionei a primeira vez que ouvi a famosa gravação "Mind the gap" no metrô e até gravei a frase e outros sons na estação para uma de minhas matérias de rádio.
Passados seis anos, tenho de confessar que a emoção se restringe à Central Line, porque a cada dia que entro no metrô percebo que "nossos santos não batem". Quando comecei a andar de bicicleta, abandonei o metrô e o ônibus. Era muito mais rápido chegar aos locais de bike, driblando o trânsito e ainda aproveitando para exercitar o corpo e respirar ar puro. Mas depois da Mila voltei a ser freguesa do ônibus - mas já estou começando a pensar em comprar uma daquelas cadeirinhas para colocar na garupa da bike para transportá-la, porém não conto muito com a simpatia do Julien para isso.
Evito o metrô por vários motivos: primeiramente porque, apesar de a cidade ser bastante simpática para cadeirantes de rodas e carrinhos de bebê, o metrô foge à regra. Existem pouquíssimas estações com elevador e sempre tem alguma escada de degraus entre uma escada rolante e outra. Além disso, muitas vezes você tem de trocar de trem e fazer vários "desvios" por baixo da terra para chegar em algum lugar onde você chegaria com um simples ônibus em linha reta. Também é muito mais caro do que o ônibus. E confesso que às vezes me bate um pequeno medinho - e isso vale para os dois meios de transporte - de um fanático se explodir lá dentro. No metrô o medo é um pouco maior, talvez por você se sentir encurralado, dentro de um túnel, longe da luz do dia e sem saída.
Outro motivo, já externado acima, é que o metrô parece sentir que eu o evito. Quando nossos caminhos são obrigados a se cruzar, sofro. Tento pegar o trem (normalmente já estou atrasada e é por isso que recorro a ele) e me deparo com a infeliz surpresa de ele chegar lotado a ponto de não ter espaço nem para minha bolsa. Espero o próximo. Também lotado. Espero o próximo. Lotado, mas cabe a bolsa. Espero o próximo. Lotado, mas já sem paciência me espremo entre os passageiros e, suando no meio de tanta gente e coberta de casacos sem poder me mexer naquela sauna, fico me perguntando por que não saí mais cedo de casa... E a gente ainda paga caro...
Ontem o metrô resolveu me castigar de novo. Saí com folga para a minha yoga e sentei no trem. A algumas centenas de metros da minha estação de destino, o trem pára. E não se move durante vários minutos. Pronto. Já perdi a respiração do começo da aula. A condutora, altamente educada como a maioria dos britânicos, explicou que houve um problema na estação seguinte e que nós iríamos voltar a andar "shortly" (sim, eles são assim, beeem específicos...). O shortly levou 20 minutos. E não só perdi a respiração inicial da aula, como também a primeira pose e ainda tive de suplicar para poder entrar no estúdio após 15 minutos de atraso.
Uma hora e meia depois, devidamente relaxada do estresse para chegar na aula, lá vou eu encarar o meu carma para voltar para a casa, onde tinha de chegar logo, já que a Mila precisava mamar antes de dormir. Sim, aconteceu de novo. O trem resolveu "dar um tempinho" na estação de Euston...
O metrô de Londres pode ser uma maravilha para os turistas, que se perdem (com todo o direito) nos ônibus. Pode levar muita gente ao trabalho, é a forma mais barata para ir ao aeroporto de Heathrow e nos salva em dias de atraso. Mas, desculpe, tube, sempre que possível prefiro me jogar nos braços da minha magrela ou do ônibus.
Oi Julien,
ReplyDeleteAcabei de ouvir sua entrevista na CBN. Gostaria de ver mais alguma fotos de Maiorca, e outros detalhes sobre a viagem.
Se for possível, mande detalhes!
Abraços
Eu que não tenho magrela em London e tb não gosto do tube, aprendi que dá pra andar por muitos e muitos lugares. Pra quem tempo e disposição, é uma boa pedida tb...
ReplyDeleteNunca fui a Londres, mas do ano que vem não passa! Já fui intimada a parar de ir para locais exóticos!
ReplyDeleteBeijos