Tuesday 27 May 2008

Quando más notícias são boas notícias.

Lá em longínquo Setembro 2004 quando chegamos na Terra dos Beckham's a Libra estava nas alturas, $5,30 Reais aproximadamente.
Juntamos salários, dinheiro guardado, moedas do cofrinho e trocamos toda aquela grana em Reais por Libras. Que beleeeeza, o que em Reais seria o suficiente para comprar um carro popular com CD e vidros elétricos não dava pra pagar 3 meses de aluguel por aqui.
Como as coisas mudam; quase 4 anos depois e crise financeira Americana somada a crise financeira e psico partidária do Sr. Gordon Brown (ah, não vou explicar, vai procurar no Google, ou ler jornal), mais o "boom" da economia brasileira e a Libra vale hoje $3,20 Reais, 40% menos!!! 10% pra baixo por ano!! Sei lá, não sou matemático, mas deve ser por aí.
Pô, mandar um din-din pra dar aquele agrado pra Mamãe no Brasil não é mais aquela moleza. Os amigos brasileiros tão tudo vindo pra cá gastar em Libra e Euro, né Elly, Si e Fab's?!?! Tudo de bolso cheio e mala carregada na volta....
Fora o povo que eu to sabendo que vai passar uma semana em NYC gastando o "dóla" em calça Levis e tomando Cosmopolitan "Sex in the City style".
Corrupção, ladroagem, violência e outras mazelas brasileiras continuam, mas não é que a economia tá indo bem....é o companheiro presidente querendo ferrar coma gente aqui nas gringas.
Mudando de assunto, mas continuando em crises que podem ser boas notícias; em Holborn, uma região de comercio e pólo financeiro aqui de Londres, perto de onde a Andrea trabalha, fechou um Burguer King!!?!? E mais espantoso: no lugar vai abrir uma franquia de uma rede de sushi fast food, a Wasabi, a Andrea tá revoltada, não se conforma.....
E finalmente, ontem assistimos no Channel 4 um documentário sobre como seria o destino da Terra se as pessoas simplesmente desaparecessem do dia pra noite, sem guerra ou explosão nuclear, só "puff", sumisse todo mundo. Só ficariam as plantas e os animais.
Em 5 pra 10 anos o planeta voltaria a ser verde, cheio de plantas, florestas, sem a poluição cinza das grandes cidades e os oceanos cheios de peixes. Em 500 anos pouca coisa ficaria para provar que um dias nós passamos por aqui. http://www.channel4.com/science/microsites/L/life_after_people/index.html
É nego, má notícia pra uns as vezes é boa pra outros e, como diria o filósofo Jardel, vice-versa.

Tuesday 20 May 2008

Trânsito louco

Cá estou eu de volta para confundir a cabeça de vocês com idas à Índia e vindas a Londres...
Mas tem coisas que ainda preciso contar de lá, como, por exemplo, a peculiaridade das estradas indianas.
Um dos lugares imperdíveis na Índia é o magnífico Taj Mahal, que, para quem não sabe, é um imenso mausoléu, construído pelo Shah Jahan para sua esposa, Mumtaz Mahal - e é considerado uma das mais lindas declarações de amor deixadas para a posteridade. A visita ao monumento fez com que percebêssemos que um dos vários pontos em comum da Índia com o Brasil é que tudo é longe. Agra, a cidade que abriga o Taj, fica a cerca de 200 quilômetros de Delhi, onde estávamos hospedados na casa do meu amigo. Vocês devem estar pensando: "Ué, 200 quilômetros não é tudo isso..." O problema é que percorrer este trecho demora mais de cinco horas! Por quê?



Por causa dos "autos" lotados com times de futebol inteiros...



...ou classes de escola inteiras.








Por causa dos animais na pista, como camelos puxando carroças...





















...ou ovelhas passando no meio dos carros...



...ou elefantes carregando gente...




















...ou a sagrada vaca, que está por todos os lados e é toda zen, não se deixa abalar pela bagunça do trânsito. Paulistanos, aprendam...





Fora as motos carregando famílias inteiras e os carros que transitam na contrmão como se não estivessem fazendo nada de errado. O resultado é uma média de 40 km/h nas estradas. Naaaada fácil! Pois é, não ousem reclamar das estradas brasileiras! Por outro lado, podem continuar chorando no trânsito de São Paulo, pois não tem pedestre, vaca, moto, bicicleta, "auto", camelo, elefante, carroça, táxi, lotação, ônibus ou caminhão que o deixe tão emperrado como em São Paulo. O trânsito é, sim, uma tremenda zona, mas anda! E você se diverte...

Friday 9 May 2008

Numa semana


O verão acontecendo.
Teve um churrasquinho leve, mas bom, bem bom.


Claro, nós trabalhando em horários trocados, eu de dia, a buni de noite.

O prefeito é novo, tomou posse, proibiu bebida em ônibus e no metrô e depois foi encher a cara numa festa.

Uma casa explodiu em South Harrow, acidente ou assassinato?

Um doido trocou tiros com a polícia em Chelsea. O doido, coitado, morreu.
Dizem que ele era um espião russo, um Jason Bourne ou James Bond.
Queima de arquivo.




Oficialmente: era um advogado que depois de brigar com a mulher encheu a cara de whisky 21 anos, daqueles que custam 500 doletas a garrafa, e saiu dando tiro pro alto.





Sábado e domingo vamos trabalhar, pelo menos quase no mesmo horário.

Domingão tem a final da Premier League: 4 da tarde tem Chelsea x Bolton e Wigan x Manchester United





Sensacional!
Éééééé amigo, teste pra inglês cardíaco.










Aí na segunda-feira começa outra semana.

Tuesday 6 May 2008

Londres não é mais a mesma...



No começo do ano, a ministra do Interior britânica, Jacqui Smith, causou polêmica ao admitir que não se sente segura para andar nas ruas de Londres durante a noite, seja em Hackney - uma área com uma população menos abastada e com índices de criminalidade relativamente altos - ou em Chelsea - um dos bairros mais chiques da cidade.

Na época, os principais partidos de oposição se aproveitaram da declaração para criticar o governo trabalhista - do qual Smith faz parte -, de ter deixado a criminalidade aumentar e ter feito com que os habitantes de Londres fossem privados de um privilégio que moradores de outras capitais como Nova Iorque, Paris, Berlim e Tóquio ainda teriam.

Apesar de os números mais recentes da polícia metropolitana de Londres mostrarem que o índice geral de criminalidade caiu (embora o número de crimes com armas tenha aumentado) hoje um episódio mostra que a cidade não é mais a mesma, incluindo o Chelsea.

Houve um tiroteio entre policiais e homens armados em plena King's Road - considerada uma das ruas mais chiques de Londres, com lojas caríssimas, freqüentada por muitas pessoas que podem comprar nelas.

Como o incidente ocorreu há duas horas do momento em que estou escrevendo este post, ainda existem poucos detalhes. Aparentemente, tiros foram disparados dentro de uma casa e a polícia na área revidou.

Os canais locais, especialmente a SkyNews, estão fazendo uma cobertura à la "Cidade Alerta" e confesso que não tenho saudades deste tipo de programa, por dois motivos: porque exploram a desgraça dos outros e porque mostram que desgraças acontecem.
O ideal seria viver em uma cidade onde elas não acontecem e é triste ver na televisão que Londres não é uma delas...

Eu já tinha percebido a cidade diferente quando voltei de uma temporada no Cairo, há pouco mais de seis meses. Nos mudamos para Holloway, que, por um lado obviamente é longe de ser um Chelsea, mas também não é considerado complicado como Hackney.

Um noite, voltando por volta das 23h da minha aula de yoga, desci do ônibus e subi a pé a Caledonian Road. Em menos de cinco minutos estaria no conforto de casa. Porém, um adolescente desocupado resolveu me meter em uma situação para lá de desconfortável antes disso.

Era um destes "hoodies", como são chamados aqui os trombadinhas, e assim que ele me avistou do outro lado da rua, saiu do ponto de ônibus e grudou do meu lado - literalmente. Eu gelei. Não era algo que eu esperava acontecer comigo em Londres e eu me senti extremamente vulnerável.

Em São Paulo, já passei por várias tentativas de assalto no trânsito ou no farol e sempre me refugiei na proteção do carro, quaisquer fossem as minhas reações no momento (já foram várias, desde fechar o vidro na mão do cara até mandá-lo para o inferno aos berros e vê-lo sair correndo assustado com minha reação inesperada). Mas ali estava eu, na Londres onde eu costumava andar sem medo às 2h da madrugada, com um trombadinha do meu lado falando que me seguiria até em casa se eu não passasse minha bolsa para ele.

O que eu deveria fazer? Gritar por socorro? Sair correndo? Não gritei, porque fiquei com medo de ele ter uma faca a tiracolo (muitos crimes aqui são cometidos com facas). Não corri, porque supus que depois de uma cansativa aula de yoga ele me alcançaria em um piscar de olhos.

Como o Julien sempre me disse que sou muito explosiva, resolvi não reagir. Aliás, ignorei o hoodie e fingi que ele não estava ali - apesar de meu coração bater desesperadamente e os dois quarteirões até em casa terem parecido estar a quilômetros de distância. Vi que ele foi ficando nervoso com a minha não-reação, falando mais perto do meu rosto, com mais raiva, quando... fui salva pelo ônibus do infeliz, que passou pelo ponto que ele tinha abandonado para me importunar. E lá foi o moleque correndo enlouquecidamente para pegar o ônibus.

Cheguei em casa chorando e não sei se chorava mais por causa do susto ou por ter sido o primeiro dia em que comecei a não me sentir mais tão segura em Londres.

Saturday 3 May 2008

Meu nome é Boris!!!!





Essa semana aconteceram eleições locais em UK.
Nem todas as cidades tem um prefeito da maneira que nós brasileiros conhecemos, em grande parte delas é tudo decidido entre os "councils" ou "sub-prefeituras".
E é nestes councils que a maioria da população do pais votou e foi uma humilhante derrota para o partido Trabalhista de Gordon Brown, uma surra dos Conservadores e dos Liberais Democratas.
Mas o principal resultado, ou pelo menos o mais esperado pela imprensa, era a decisão se o prefeito de Londres, Ken Livingstone iria pra seu terceiro mandato consecutivo ou os trabalhistas iriam perder a "azeitona da empada".

O principal concorrente era Boris Johnson, ex-jornalista e apresentador de TV, um "bufão", que entrou para a carreira politica recentemente e se transformou numa espécie de "Enéas com Collor" pela sua maneira, eu diria peculiar, de se comunicar e apresentar a sua campanha.

Mas, eis que Boris levou, ele será o prefeito pelos próximos 4 anos.

Olha a pinta do novo prefeito jogando numa partida entre celebridades inglesas e alemãs.

É um tanto quanto assustador tentar saber qual será a forma de governar de Boris, um direitista que já teve brigas com negros, gays e muçulmanos. Acusado de roubar uma "caixa de cigarros" na casa de um dos ex-assessores de Saddam Hussein durante uma viagem ao Iraque em 2003?!?!?! Vai ententer....

Num outro caso entregou o endereço de um jornalista para um ex-colega de escola, o jornalista em questão investigava fraudes que o colega de Boris estava envolvido. O objetivo deste colega? Encher o jornalista de pancadas.

O The Guardian na edição de quinta-feira fez um editorial sobre a possível vitória de Boris intitulada "Be afraid, be very afraid" ou "Tenha medo, tenha muito medo".
http://www.guardian.co.uk/politics/2008/may/01/boris.livingstone

O CV do Boris na Wikipédia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Boris_Johnson

E o porque ele ganhou?
Bem, se você acha que os "Enéas" da vida só recebem voto no Brasil, os ingleses provaram o contrário, essa figura caricata conseguiu o voto de muita gente por aí.
Mas principalmente por culpa dos Trabalhistas e Gordon Brown com seu governo capenga por aqui, e também muito do próprio Ken Livingstone.
É preciso dizer que o Ken fez bastante por essa cidade, mas o preço foi caro.
Ele foi extremamente importante para que Londres hoje seja uma cidade que pelo menos tenta ser ecologicamente funcional. Mas ao mesmo tempo a famigerada Congestion Charge, os onibus "Bendy" odiados por 12 em cada 10 londrinos, escândalos com o orçamento das Olimpíadas de 2012, entre outros problemas foram minando a confiança dos londrinos com o governo Ken.

Onibus "Bendy"
ou articulado.

Ah, nós votamos nessa eleição, o que foi bacana, estilo antigo com papel e urna.
Votamos no Ken Livingstone pra não deixar o Boris ganhar...mas...