Monday 24 November 2008

Pedaços insubstituíveis

"Haverá paradeiro para o nosso desejo
Dentro ou fora de um vício
Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio perto do precipício

Haverá paraíso
Sem perder o juízo e sem morrer
Haverá pára-raio
Para o nosso desmaio
Num momento preciso

Uns vão de pára-quedas
Outros juntam moedas antes do prejuízo
Num momento propício
Haverá paradeiro para isso?

Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?
Haverá paraíso"

(Arnaldo Antunes)




Kizz,

Este é o segundo aniversário seu sem você aqui com a gente. Sei que talvez apenas te mandaria um e-mail ou uma lembrancinha com um cartão, mas, se eu pudesse voltar no tempo, faria de tudo para estar ao seu lado em todos os seus aniversários. Se eu soubesse que eles não teriam mais a sua presença tão cedo...
Comecei a fazer contas inúteis e percebi que há poucos dias fiquei mais velha do que você. Virei sua irmã mais velha. Viagens da minha cabeça, que às vezes fica louca de saudades.
Doido é descobrir que existem pessoas que ainda acham que você está vivo neste mundo. Neste fim-de-semana mesmo tive de contar para uma amiga de colégio, a Simi, que você mudou de mundo. Um ano e meio depois de você ter ido embora, parece que contar o que aconteceu ficou menos dolorido. O que ainda dói é falar dos sentimentos de quem ficou aqui, te ama muito e nunca vai te esquecer.
Para mim você também ainda está vivo. Eu acho que você está tendo uma visão privilegiada da sua sobrinha daí onde você está - deve conseguir ver a carinha dela enquanto eu estou aqui morrendo de curiosidade!
Pena que ela não vai te conhecer pessoalmente. Mas ela vai saber que o tio dela era um cara gente boa, com uma alma generosa e um coração imenso, que gostava tanto de um passeio perto do precipício que um dia não voltou de lá. Espero que tenha ido para o paraíso.
E assim é o ciclo da vida. Uns vão e arrancam um pedaço de nós e outros vêm e acrescentam um pedaço a nós. Os pedaços são diferentes e insubstituíveis, mas não podemos ter todos e temos de nos contentar com os que temos, né?!
Te amo, meu irmão.
Feliz aniversário esteja você onde estiver.
Fica em paz.

Wednesday 19 November 2008

Os ingleses e seus esportes 2008

Como as coisas mudam.
Ano passado no dia 22 de Novembro escrevi "Os ingleses e seus esportes", e a situação era lamentável: Hamilton perdia a F1, o Rugby na final do mundial e o futebol tomava uma porrada em pleno Wembley que o deixaria fora da Eurocopa 2008. Se você não leu, acho que só o Rodrigo leu, tá aqui.



Uns dias depois escrevi mais um outro sobre Ricky Hatton, um boxeador que era "a esperança" inglesa de algum sucesso em 2007 mas que foi com a cara na lona em Las Vegas. Na ocasião até comparei o sofrimento inglês com o que os Corinthianos, como eu, passaram ano passado com a queda pra segundona..ahh, doeu.


Mas veja só, parece que em 2008 Saint George resolveu olhar para seus abençoados, os ingleses e o Corinthians.

Nas Olimpíadas foi a melhor performance inglesa dos jogos modernos, medalhas e mais medalhas, terminando a quarta colocada no quadro geral, um sucesso com carreata nas cidades e dezenas de "heróis olimpícos"

Na F1, valeu Massa, mas na hora Glock não deu e quem levou foi o prodígio Hamilton.
No boxe, Joe Calzaghe na madrugada do 09 para 10 de novembro foi a lona, mas se levantou e venceu Roy Jones Jr. por pontos também em Las Vegas. E o caro Hatton volta aos ringues na cidade dos cassinos nessa sexta-feira(21) contra Paulie Malignaggi.
No Rugby, bom, nem tudo é perfeito....continuam tomando porrada. Ah, e no Criquet também, alias, algumas humilhantes, para alegria de Indianos, Paquistaneses e Australianos entre outros que adoram bater a "Coroa Inglesa".

Já no futebol....uma pequena revolução Italiana comandada pelo homem que José Mourunho apelidou graciosamente de Cabbage Man ou Homem Repolho Capello.

A seleção inglesa estava no chão, humilhada e desmembrada. Mas a chegada do general Capello mudou as coisas, decisões duras, convocações e não convocações surpresa, colocou as "Wags", as marias-chuteira, pra fora das viagens e concentrações do time e eis que agora a mesma seleção segue a frente no grupo de classificação para Africa do Sul em 2010 e hoje venceu a Alemanha em Berlim por 2x1 com um time cheio de reservas e novatos.


Vou aproveitar pra falar que ontem lá na fria e chuvosa Escócia Maradona fez sua estreia como técnico da seleção Argentina, foi só um 1x0 magro pros hermanos, mas o que valeu foi ver o homem lá, e os escoceses comemorando e agradecendo aquilo que a mão-de-Deus fez em 1986 contra os vizinhos ingleses, esses últimos que não se conformam.
Impressionante, 22 anos depois e os caras choram por Maradona e até por Evita, tanto que o assistente da seleção escocesa, um ex-zagueiro inglês que estava na partida "hand-of-God" falou com todas as palavras que não perdoa e se recusa a um dia apertar a mão de Maradaona. A resposta do hermano? Uma piscada para as cameras e "Cada um com seus problemas".




Bom, tudo isso foi pra dizer uma coisa muito mais importante:

É que a pequena Mila, a inglesinha Corinthiana, vem aííí!!!! E na primeira divisão!!!!

Wednesday 5 November 2008

Presidente eleito, descanso merecido!



Ufa. Após trabalhar horas a fio, arrastar meu equipamento de vídeo de um lado para o outro todo dia, entrevistar inúmeros brasileiros, americanos e pessoas de outras partes do mundo, e acompanhar uma data histórica na casa do perdedor da disputa, a cobertura das eleições americanas acabou.

E agora me sinto com um vazio, um buraco enorme aqui no estômago. Aqueles que eu costumava sentir quando voltava para a casa depois de excursões do colégio, gerada pelo choque de voltar à "solidão" e ao silêncio após alguns dias rodeada por amigos e dias cheios de atividades.

Por outro lado, estou feliz de que acabou, porque é sinal de que volto para Londres para matar as saudades imensas do Julien (falar cinco vezes por dia pelo skype não é a mesma coisa...)!

Estou muito feliz com meu trabalho, com as pessoas maravilhosas que conheci durante a cobertura, com destaque para minhas duas cicerones, a Silvia Brasil, em Miami, e a Paula Menna Barreto Hall, em Phoenix, além do meu companheiro de trabalho no dia das eleições, um jornalista que descobri que além de brilhante é altamente gente boa - o Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo. Amei também todos os cinegrafistas e assistentes (brasileiros, franceses, latinos e britânicos) que se ofereceram para ajudar a pobre repórter-câmera me colocando debaixo de um poderoso refletor de luz (ao invés da minha modesta luzinha no topo da câmera) e fazendo os ajustes da câmera com profissionalismo.

E adorei saber que, mais uma vez, o povo americano me surpreendeu com sua diversidade e gentileza. A impressão é de que as pessoas aqui são muito mais abertas e solícitas do que os britânicos.

Também descobri uma emissora que não tinha visto na minha última passagem por aqui: a MSNBC. Muito boa, com alguns programas de discussão política ótimos. E o mais engraçado aqui é que a maioria das emissoras não esconde sua posição política. A MSNBC é claramente pró-Obama.



A secretária do comitê do Obama...



...e os voluntários usando os próprios telefones celulares para ligar para os eleitores.



A secretária do comitê do McCain...



...e os voluntários telefonando para os eleitores.








Por outro lado, saio daqui com outras impressões de como os americanos são, sim, um povo deveras estranho. Alguns exemplos:

- As figuras presentes na "festa da vitória" de John McCain, no chiquetérrimo hotel Arizona Biltmore (onde McCain casou com a atual mulher, Cindy, e onde Ronald Reagan e Nancy passaram sua lua-de-mel). Me senti num filme de... velho oeste? ...soft porn? ...de... mau gosto!!! A supremacia branca era evidente e se havia mais de meia dúzia de negros entre as 2 mil pessoas era muito. As mulheres, muitas de vestidos longos, nitidamente passaram o dia no cabeleireiro e exibiam litros de laquê nas cabeleiras armadas. Os trajes eram extremamente bregas e conservadores. Todos bebiam litros de vinho e devoravam hambúrgeres e hot dogs.

- Phoenix. O que é essa cidade??? Não se vê gente andando nas ruas, tudo é extremamente plano e espalhado e aqui sem carro você mal consegue ir ao supermercado. Não existe centro da cidade, não existe movimento, não existe vida. Talvez por isso agora eu esteja sentindo um buraco no estômago... Ponto positivo: o céu no amanhecer e no entardecer é MA-RA-VI-LHO-SO. A paisagem é linda, não há dúvida.

- Miami Beach. Outro show de horror de gente brega, o típico cenário de Baywatch. Pessoas extremamente preocupadas com a aparência, o que não ajuda em nada, porque a maioria tem um gosto pra lá de duvidoso. O ponto positivo: o bafo e o calor são uma delícia, o tempo está sempre lindo e você se sente no Brasil...

- As inúmeras propagandas de remédios. Remédio contra depressão, contra vontade de ir ao banheiro freqüentemente, contra impotência, contra problemas de sono, contra todos seus problemas! O mais chocante, no entanto, é que os anunciantes são obrigados a elencar todos os efeitos colaterais dos remédios, então mais da metade da propaganda é uma anti-propaganda, em que você descobre que aquele remédio pode causar parada cardíaca, depressão, mal-funcionamento dos rins, erupções na pele e outras tragédias mais. Será mesmo que essas propagandas vendem os produtos que anunciam???

- O tamanho das embalagens de comida. Não importa se é saudável ou não, o tamanho das refeições aqui é astronômico. Outro dia fui no Whole Foods, uma das minhas redes de comida preferidas, montar uma salada. A menor embalagem era tão grande que a salada rendeu para o almoço e para o jantar! Tudo é grande, até os copos com chá. Depois de os americanos aprenderam que supersized junk food faz mal à saúde, eles deveriam aprender que supersized organic and natural food também engorda e é um exagero!

- A falta de consciência ecológica. Dá para entender por quê não existe uma revolução aqui toda vez que George W. Bush se recusa a assinar o Protocolo de Kyoto. Sei que tenho o privilégio de morar no continente com a maior consciência ecológica do planeta e talvez por isso me impressiono tanto com a utilização desenfreada e irresponsável de sacolas plásticas e com a surpresa das pessoas quando saco minha bolsa de compras de pano para carregar minhas compras. E com o fato de as pessoas usarem o carro para ir até a farmácia na próxima esquina e a preocupação de estacionar sempre a cinco metros do destino final, "para não parar muito longe"...

Falando em consciência ecológica, viva o povo americano, que finalmente escolheu um presidente preocupado com o futuro do meio-ambiente!

Bom, amanhã deixo Phoenix e retorno para Miami. Ainda não sei se a cobertura realmente acabou ou se trabalho até sexta-feira. De qualquer forma, prometo a todas as pessoas preocupadas com o Chuaia que vou cuidar direitinho dele daqui para a frente e garanto que nunca cuidei tão bem de mim durante uma cobertura - apesar de pequenos lapsos - como me cuidei desta vez. E, yes, a pança deu uma pequena avançada nestes últimos três dias! Ufa! Acho que o Chuaia ouviu minhas preces e quis me dar um sinal de que está bem, apesar da correria! Será que ele gostou? :-)

Sunday 26 October 2008

Calor, hormônios e pessoas do bem

Cá estou em Miami, nos EUA, provavelmente na minha última viagem a trabalho durante um bom tempo, já que com um bebezinho lindo para cuidar a rotina vai mudar “um pouquinho”!

Há pouco anos, tinha me prometido nunca pisar nos Estados Unidos, por rebeldia. Me revoltava o fato de os americanos acharem que o mundo quer conhecer “a América” e dificultarem tanto a entrada de tanta gente que queria entrar no país.

No entanto, estou aqui pela quarta vez (três a trabalho e uma por insistência do Julien, louco para conhecer Nova York – e esta valeu a pena!) e toda vez que enfrento a fila da imigração me pergunto por quê as pessoas ainda se esforçam tanto em vir para cá.

Bom, mas decidi aproveitar ao máximo minha última viagem a trabalho e o sol e o calor grudento de Miami, com a promessa que desta vez não posso trabalhar madrugadas adentro, pular refeições nem andar como uma condenada na rua porque tenho de cuidar de mais alguém além de mim.



As pessoas esperaram entre 2h e 3h na fila para votar antecipadamente em Coral Gabels.





Infelizmente, quebrei algumas destas promessas logo no primeiro dia. Fui filmar num posto de votação em Coral Gabels (o equivalente aos “Jardins”, em São Paulo) e quando resolvi sair de lá para outro posto de votação percebo que não há NADA por perto além de carrões circulando pelas largas ruas em meio aos verdes gramados em frente às imensas casas do bairro. Nenhum táxi, nenhuma avenida principal, nada!



Só carros e grama para todos os lados...









Assim que avistei um carro da polícia, pedi para ele chamar um táxi. 40 minutos depois, lá estava eu de pé, com sede e fome, esperando pelo carro. O policial gentilmente providenciou uma garrafinha de água do posto de votação e depois de secá-la resolvi sair andando para tentar encontrar um táxi.

Encontrei uma avenida. Depois de meia hora andando no calor de mais de 30ºC (vejam bem, o verão de Londres não chegou a isso este ano), parando nas esquinas para descansar, chamando vários táxis que passavam já com passageiros, minha culpa foi aumentando e me achei a mãe em potencial mais irresponsável do mundo. Os hormônios deram uma força e comecei a chorar, sem saber o que fazer.

E foi aí que vi que o mundo ainda não está perdido. Uma mulher parou o jipe dela para me ajudar, me fez entrar no carro dela e me levou até o prédio onde mora para chamar um táxi. Quando disse que estava me sentindo culpada, por estar grávida, sem comer, andando no sol a pino, ela me deu um resto de sanduíche que elas tinham embrullhado para viagem depois do almoço na lanchonete.

Quando falei que era do Brasil, ela imediatamente passou a falar português – nitidamente gringa – explicando que o pai da filha dela mora no Rio de Janeiro e que eles são muito amigos de um jornalista brasileiro... o Diogo Mainardi!

“Ele é muito legal. É engraçado como ele é uma pessoa como jornalista e outra completamente diferente entre os amigos. Adora falar de crianças e nem fala sobre jornalismo.” Surpresa!

O táxi chegou em cinco minutos e nos despedimos. Agradeci imensamente o favor e ela disse: “Pronto. E agora você pode falar que também encontrou pessoas boas nos Estados Unidos.” Encontrei, sim! :-)

Monday 20 October 2008

Visite a nossa cozinha.

Histórias macabras.

A polícia aqui de Londres foi chamada para averiguar uma denúncia de um homem morto dentro de um Kebab Shop (são pequenas lanchonetes que vendem o Kebab, ou "churrasco grego", um dos lanches preferidos nas noitadas em quase toda a Europa).

Eis que a polícia constata que dentro da loja, sentado num sofá perto da entrada da cozinha está o morto. Aparentemente morreu de causas naturais. Até aí uma coisa que pode acontecer em qualquer estabelecimento.

O morto era funcionário da lanchonete, mas mesmo assim, como se nada tivesse acontecido, estava lá o dono vendendo lanches e batata-frita para os clientes que não percebem um cadáver logo ali, do lado da comida.

Acabou? Não....

Os policiais resolveram investigar a lanchonete e na cozinha tigelas de comida, frango descongelando etc etc estavam abertos e com dezenas de moscas em cima. Um homem fumava e constantemente cuspia no chão da cozinha!!

No banheiro ao lado, um cheiro terrível e mais moscas.

O lugar já era conhecido da vigilância sanitária da cidade, onde anteriormente fiscais já haviam encontrado ratos. Aliás, não dava pra ter fechado o local nesse dia?Precisava mais?

O local foi fechado (hoje funciona sob nova direção), multado e o dono proibido terminantemente de possuir qualquer tipo de negócio envolvendo comida.

E tem gente que acha que deixar o celular cair na pimenta é refresco nos olhos dos outros......

Gosto muito de kebab mas agora com o dobro ou triplo do cuidado porque em certos lugares, com o perdão da piada, nem morto!

Ta aí a matéria da BBC:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/7670211.stm

Monday 13 October 2008

Cripes! I’ve got nomophobia

Já que o povo aí do Brasil tá no clima de eleições para prefeito, vai aqui uma lista de novas palavras do vocabulário Londrino, muitas delas "criadas" ou adotadas pelo nosso multimídia e extravagante prefeito.
Minhas preferidas:
"Nomophobia" (não sei traduzir), ou o medo de estar numa área fora de contato com celular;
"Googlebilidade", ou a facilidade e/ou probabilidade de um nome, objeto ou assunto pode ser achado na internet;
"Cripes", o ato de demonstar surpresa ou choque. Uma das palavras preferidas do prefeito Boris. Ex:
Alguém te conta: "Em SP o segundo turno é entre a Marta e o Kassab."
Resposta: "Cripes!!!!"
A matéria explica que no ano de 2008 mais de 100 novas palavras foram incluidas no linguajar inglês, como "glamping", que é o ato acampar com luxo ou glamour. Outro dia eu li que o "glamping" foi uma novidade causada pelo "credit cruch" (aperto de crédito), quem nao teve dinheiro pra viajar com luxo, oras, acampou com luxo.






Cripes! I’ve got nomophobia
STEVE. MYALL
Thelondonpaper
02 Oct 2008

THE word is there are some new expressions doing the rounds and if you’re still bovvered about the difference between bling and chav you’re behind the times. According to experts, 2008 has already given the English language more than 100 new words,...read more...
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Friday 10 October 2008

Panfletos inúteis?

“Our junk mail tells us more about ourselves than we can imagine.” Com esta frase curiosa, Mark Craig, o apresentador de um documentário encerrou seu programa, “First Cut: Junk Mail Britain”, que passou no Channel 4 (um dos melhores canais aqui na Grã-Bretanha, na minha opinião) na noite desta sexta-feira.

Eu adoro a televisão britânica. As idéias que as pessoas daqui têm para documentários são incríveis e talvez elas sejam tão criativas porque a televisão daqui aposta nas sugestões mais surreais que chegam a elas.

Neste caso, Craig reuniu centenas dos irritantes panfletos de anúncios que recebia em sua caixa de correio e foi atrás das pessoas que cuidavam dos negócios anunciados. Assim ele descobriu que existe uma enorme comunidade brasileira no bairro onde ele mora, Willesden, e descobriu também o sabor da pizza brasileira (boa notícia para ele - e para nós, ávidos por uma boa pizza neste país de “pan-pizza”!).

Craig também encontrou uma família de poloneses para descobrir que os trabalhos que eles antes faziam praticamente de graça – pintar parede, encanamento - por causa do excesso de mão-de-obra do país do leste europeu agora custam mais caro, talvez porque muitos deles estejam voltando para a casa com a desvalorização da libra. “Não estamos mais em 2003, meu amigo. Agora nós também queremos ganhar um salário justo pelo nosso trabalho”, disse a polonesa.

O apresentador também visitou um estúdio de yoga que antigamente era uma área abandonada, frequentada por usuários de drogas. Agora, é um espaço zen, que ensina yoga até para famílias de refugiados.

Craig conversou com a testemunha de Jeová, com o distribuidor de comida orgânica, com o policial que vigia o bairro – que os moradores conhecem carinhosamente pelo primeiro nome, Greg. E Craig ficou feliz em poder chamar o policial do bairro pelo primeiro nome. E disse que durante os cinco anos que morou em Willesden nunca conversou com tantas pessoas como nos poucos dias durante os quais fez o documentário.

A idéia de Craig deu vida aos panfletos que muitas vezes jogamos fora sem olhar.
E deve ter feito muita gente refletir se a nossa vida acelerada não está nos tornando pessoas frias, que nem cumprimentam o vizinho, quanto mais sabem quem é que faz a ronda policial em sua área ou entrega suas cartas...

Thursday 25 September 2008

Nove meses de muita informação

Nooooossa, faz tanto tempo que não escrevemos no blog que daqui a pouco vou dar à luz! Literalmente! Para quem ainda não sabia, estamos grávidos!!!!! Ontem o Shuaia, como chamamos carinhosamente nosso feto - cujo sexo só será revelado na próxima ultrassonografia (em novembro, ansiedaaaaaaadeeeeeee) - fez 13 semanas.
Bom, e como grávidas têm tendência a achar que o mundo gira em torno da barriga delas e não conseguem falar sobre nada que não esteja ligado à "condição interessante” (classificação esta de um colega da redação) em que elas se encontram, vocês vão ter de me agüentar!

Hoje comprei meu terceiro livro sobre gravidez pela Internet e, de quebra, recebi meu quarto emprestado de uma colega grávida da redação. Em um daqueles depoimentos de compradoras do livro que você está pensando em adquirir pela Internet, uma leitora disse ter lido 15 durante a gravidez!
Uma amiga minha, a Anja Barbada, diz que estou exagerando e entupindo meu cérebro com uma quantidade excessiva de informações sobre o assunto.

Mas é normal as grávidas de primeira viagem terem mil dúvidas e perguntas e quererem entender cada reação nova (e são tantas!) do corpo. Aqui, recorremos aos livros e a sites especializados na Internet (este é o meu favorito: www.babycentre.co.uk). No Brasil, a tática é bem mais simples. Como disse a Gi, uma amiga minha: “É só escolher um médico e pronto!”. Não sei se esta é a regra, mas ouvi dizer que cada dúvida, cada reação diferente significa um telefonema para o médico.

O problema é que aqui o sistema é bem diferente. A partir do momento em que você descobre que está grávida, você marca uma consulta com seu clínico geral, que te dá um livreto com instruções básicas sobre a gravidez, como que comidas devem ser evitadas, que métodos para dar à luz estão disponíveis e várias outras dicas.

Os primeiros exames ocorrem apenas por volta da 12ª semana. E o acompanhamento passa a ser feito não por um obstetra, mas sim por uma “midwife”, que poderia ser traduzido como uma parteira, mas é mais do que isso. É alguém que te orienta durante os nove meses (ou melhor, os seis meses restantes) de gravidez. O problema é que a cada consulta – uma bem espaçadas da outra na fase inicial – é uma midwife diferente que faz o atendimento, o que impede que haja um acompanhamento mais pessoal do processo, como ocorre no Brasil. Muitas vezes se descobre na hora do parto que é uma midwife que você nunca viu antes que vai fazer seu parto. Médico obstetra só aparece se houver alguma complicação.

Talvez porque o grupo de brasileiros no qual eu me incluía – os com plano de saúde particular – seja tão “mimado” pelos médicos, a sensação aqui no Reino Unido é de um pouco de desamparo. E talvez seja por isso que recorremos mais aos livros. Pode ser que estejamos nos sobrecarregando de informações, mas a prática me deu segurança.
Há poucos meses, eu ficava horrorizada só de pensar em dar à luz no sistema público britânico. Hoje em dia, após centenas de páginas de leitura, meus temores diminuíram consideravelmente, apesar de uma parte de mim ainda morrer de ansiedade e medo de que algo dê errado na hora H. Mas, acho que este é um temor universal de grávidas, não?!

Friday 29 August 2008

Em busca do sol - mais uma vez...

É IMPRESSIONANTE. Ou melhor, DECEPCIONANTE, DEPRIMENTE, REVOLTANTE. O tão aguardado, tão aclamado, tão delicioso verão europeu não deu as caras aqui na Grã-Bretanha. Os meses que deveriam ser os mais quentes - julho e agosto - acabaram e nada nem de calor nem de sol e, conseqüentemente, nem de bom humor...

Os apresentadores das elaboradas previsões do tempo - que duram vários minutos e dão um panorama detalhado do tempo ruim que castiga esta ilha - deveriam começar a tomar cuidado para não ser apedrejados na rua. Primeiramente, porque na maioria das vezes estão nos trazendo más notícias e mostram um mapa-tempo coberto de áreas azuis, flechas de ventos fortes e nuvens, muitas nuvens. Para vocês terem uma idéia, nem sei mais se existe céu azul acima de mim, porque tudo o que vejo todos os dias é um teto branco sobre a minha cabeça.

Bom, e quando os "moços e moças do tempo" finalmente trazem boas notícias, sorridentes, de que vai fazer calor, o sol vai sair... É MENTIRA!!!! A previsão para estes três últimos dias era de sol e calor!!! E eu não vi o céu!!! Ok, digamos que não está frio, mas estou aqui sentada, de calça jeans e camisa de manga comprida! Coitados, entendo que trazer más notícias para a população todos os dias não é o emprego mais agradável do mundo, mas mentir aos telespectadores é ainda pior!

E a desgraça não pára por aí. Ainda tem a perspectiva de ter um longo e tenebroso inverno sem ter tido o intervalo de um "verão-delícia" - como um amigo meu insiste em chamar o verão mixuruca daqui. A perspectiva de ver caras amarradas e agüentar a rabujice das pessoas infelizes de tanto tempo feio. E neste inverno a tendência é ter caras mais feias do que nunca, porque os músculos do rosto nem foram muito ativados pelo sol para sorrir durante o verão meia-boca. O pior é a perspectiva de EU ser uma destas pessoas rabugentas de cara fechada. Afinal, já comecei a reclamar antes mesmo de o verão terminar!

Para tentar evitar meses de depressão no blog, estamos embarcando para Praga amanhã, em uma viagem que ainda inclui Veneza e Florença e a companhia de um casal de amigos muuuuito especial! Só espero que para a Europa continental a previsão do tempo - que fala em sol e calor - esteja certa!

Búzios dos alemães

Assim como os paulistas não foram premiados com as melhores praias do Brasil, os ingleses apesar de viverem numa ilha, estão longe de ter as melhores praias da Europa. Ainda mais com o tempo horrendo que faz aqui enquanto faz sol no resto da Europa inteira (enquanto assistíamos à classificação da Fórmula 1 debaixo de chuva dentro de casa, as húngaras estavam lá no autódromo só de shortinho e biquíni...). Para escapar do verão meia-boca, os britânicos embarcam em um avião e vão-se embora em busca do sol e de praias mais agradáveis do que as deles. E assim como eles, fomos em busca do sol, rumo a Mallorca.









O contraste com Brighton (vale o registro: gosto de Brighton) é abismal: areia fina e branquinha em vez de pedras, SOOOOOL em vez de mormaço, e brisa quente em vez de vento forte gelado. E gente bonita e descolada, todos... alemães!!!! Dava para contar os espanhóis da praia nos dedos e era muito mais fácil achar um restaurante especializado em Kartoffelpuffer do que em uma boa paella, e uma cerveja Warsteiner em vez de uma Estrella, mas, tudo bem, afinal, nós também invadimos a praia deles... Assim como os alemães, os turistas britânicos também podem ser encontrados no mundo inteiro - e aparentemente na praia que eles invadiram há registros de brigas todas as noites e mulheres bêbadas mostrando os peitos para quem quiser ver (foi o que a arrumadeira portuguesa do nosso hotel nos contou...)
A ilha me surpreendeu. Alugamos um carro e rodamos, dormindo cada noite em uma cidadezinha diferente, cada uma com seu charme. Voltamos ao aeroporto durante um lindo pôr-do-sol e o Julien lembrou: "Aproveita para sugar todas as energias do sol, porque sabe-se lá quando vamos vê-lo de novo!" Pois é. Chegamos em Londres em uma madrugada fria, para enfrentar mais uma semana de chuva na capital...



P.S.: Escrevi este post há quase um mês (hoje é 29.08) e não publiquei antes porque não consegui fazer o upload das fotos (não por problemas tecnológicos e sim por problemas organizacionais).

Wednesday 20 August 2008

Pro Ferri's

Londres
13 Agosto 08
Brixton Academy

Com carinho.

Outra coisa, a camera não tremeu, é efeito especial....da breja.

Wednesday 16 July 2008

Guarujá 2 - o videozinho....

Se liga nas figuras, só pra variar, gente de todo lado do mundo.
Indianos, Turcos, Poloneses, nós os brazucas e demais...uma farofa internacional.
Aliás, flagramos um casal brasileiro fazendo o que não devia(ou devia, sei lá) enrolados numa kanga...a mão naquilo e aquilo na mão...semvergonhice como diria quaquer vovó!!
Ah, o flagra não gravamos, não vamos dar na cara né, deixa os cara...sem falar que nao era celebridade, nao vira "hit" no youtube. :)

Monday 14 July 2008

O Guarujá dos londrinos



Assim como os paulistanos, os londrinos têm um quebra-galho de praia relativamente próximo da cidade: Brighton. E assim como o Guarujá, a praia está longe de ser um paraíso e fica lotada em dias de calor (algo raro aqui neste primeiro mês de verão). Mas existem alguuumas diferenças:

Em Brighton a praia é de pedra e os londrinos menos equipados (que vão para lá de trem e não querem sair com cadeiras debaixo do braço de casa, andar até o ponto de ônibus com elas, embarcar no ônibus, depois no trem e andar até a praia, além de procurar vaga em um hotel - ufa!) que chegam lá com míseras cangas ou toalhas têm duas opções:
1. alugar uma cadeira por duas libras
2. achar que não precisa de cadeira até a bunda ficar quadrada e não agüentar mais o incômodo das pedrinhas na hora de deitar e acabar se rendendo ao aluguel de uma cadeira por duas libras...















A água do mar é altamente gelada, o que impede brasileiros friorentos a ficar hoooras dentro do mar, sair um picolé mesmo após alguns minutos lá dentro e continuar congelando no vento gelado do lado de fora.



Além da inseparável cerveja dos britânicos, duas outras bebidas costumam fazer muito sucesso por aqui: Pimm's (uma mistura de uma bebida com este nome com soda limonada e frutas) e Cider (sim, é algo parecido com aquela nossa Cidra Cereser, mas os apreciadores dizem que é beeem melhor). Já a típica comida de praia é um dos pratos prediletos dos britânicos: fish & chips.

Os trajes dos britânicos na praia vão desde alguns poucos biquínis até vestidos, malhas, moletons, calças - muitas vezes jeans - e sapatos - alguns sociais! Tudo bem, o calor não é o mesmo das praias brasileiras e quando bate aquele vento dá mesmo vontade de se cobrir dos pés à cabeça, mas a verdade é que os britânicos não sabem o que é "moda-praia".



À noite, Brighton vira uma cidade de balada, com inúmeras festas de despedida de solteiros e solteiras (chamadas aqui de Stag Night - no caso dos homens - e Hen Night - no das mulheres). É bem engraçado, porque os grupos costumam se fantasiar com algum tema - tinha desde "jogadores de golfe" até um grupo de mulheres vestidas de milico, passando por um noivo com aquele típico maiô-sunga do Ali G (para quem não sabe, é uma sunga com as pontas puxadas até os ombros do fulano, o que faz ela virar um fiozão-dental). Este grupo de meninas estava até com segurança particular:















Aqui o detalhe do nosso hotel (leia-se albergue): o nosso quarto, pelo qual pagamos "módicas" 50 libras (pois é, os hotéis por aqui não são nada baratos...), era a saída de emergência do prédio! Se tocasse o alarme, toca todo mundo "breaking the glass" da fechadura da nossa porta para sair correndo pela janela do nosso quarto!








Resumindo, é uma praia bem diferente das nossas mas nem por isso menos divertida. Fomos a Brighton no primeiro fim-de-semana de relativo sol em que eu não estava de plantão e foi muito bom deixar o clima de Londres e chegar em um lugar em que o astral das pessoas é completamente outro graças ao clima de praia. Todos parecem mais simpáticos, sorridentes e prestativos com os turistas, alguns até oferecem ajuda sem sequer alguém pedir.
Com certeza, vamos voltar!

Mais uma da Índia.

Infelizmente não pegamos essa "pérola" das estradas Indianas. Mas garanto que não é efeito especial.

Tuesday 8 July 2008

Do Nilo ao Regent's Canal



Tudo bem, não moramos EM CIMA do Regent's Canal, como era o caso no Nilo, mas contei com o odômetro da minha bike que estamos a 70 metros dele. A única semelhança deste pequeno riacho com o gigante africano são alguns corpos estranhos boiando nos dois.

Um dos corpos estranhos do Regent's é esta bike. Outros vão desde um pacote de pão-de-fôrma até as tradicionais latinhas de cerveja. Lamentável...



Aqui vão algumas diferenças entre os dois:
- no Nilo existem barquinhos com turistas tocando "axé egípcio" no último volume, enquanto que no Regent's circulam "narrow boats", uns barcos finos e compridos, muitos deles com pessoas que moram neles e circulam pelos canais ingleses, acordando todo dia em uma cidade diferente e tomando uma cervejinha em um pub diferente.
- na beira do Nilo existem duas avenidas altamente barulhentas lotadas de carros buzinando 24 horas por dia, enquanto que na beira do Regent's, bem mais silenciosa, existe um pequeno caminho reservado para pedestres e ciclistas (sim, somos dois deles nos dias bonitos!), que nos dias de sol lota de pessoas fazendo piqueniques improvisados, abrindo uma garrafa de vinho gelado e comendo um queijinho...
- no Nilo eu acompanhava os pescadores largando longas linhas de anzol com pedras amarradas para pescar enquanto que no Regent's eu acompanho o crescimento de uma família de patos. Praticamente vimos os bichihos nascer! Olhem eles aí, já mais crescidinhos:



Ah, na semelhança dos corpos estranhos nos dois rios estão as pessoas que se arriscam a mergulhar nas águas imundas. No Nilo, eram crianças egípcias treinando seus anticorpos e no Regent's são jovens que exageraram na ingestão de álcool ou adolescentes comemorando os pouquíssimos dias de sol desta terra.

Aliás, ensaiei muito para escrever este post porque estava esperando um dia de sol e calor para falar sobre como o astral da cidade inteira se altera impressionantemente. Deveria ter escrito o post na semana passada, no dia mais quente do ano. Querem saber quantos graus??? Altíssimos 28º (no dia 1º de julho)!!!
Bom, mas no dia seguinte já fomos brindados com chuva. E agora, após quatro dias de calor de verdade e muuuuito sol em Mallorca (aguardem o post), voltamos para a chuva e o tempo "fresco": neste momento, 18,6º no flat a 70 metros do lindo Regent's Canal, que não largo mais nos dias bonitos!
Seguem mais algumas fotos dele:



Aqui um dos "narrow boats" está entrando em uma eclusa, no bairro de Angel. É um processo que exige paciência, mas faz parte do passeio, já que os canais têm centenas delas.



Também tem muita arte espalhada ao longo do canal. Este grafite parece, inclusive, ser do famoso artista misterioso Banksy.



E nos olhos desta Monalisa está escrito: "Stop using my image".














E olhem este tiozinho pilotando sua casa! Tem até cachorro!



Monday 30 June 2008

Cogumelos



Da mesma forma como estes cogumelos apareceram no quintal da nossa casa, meu irmão desapareceu deste mundo: de repente, sem avisar ninguém. Só que de alguma forma eu achei que a aparição dos cogumelos - espécimes tão minuciosamente estudados por meu irmão - era um sinal de que ele está mais presente neste mundo do que eu imagino. E, obviamente, proibi o Julien de tirá-los do quintal. Eles acabaram murchando, mas a memória do Kizz não. Hoje, exatamente um ano depois de ele ter partido para outro lugar, ele esteve mais presente do que nunca.

Logo cedo, vesti a calça que eu comprei para ele na Tailândia e que ele adorava e fui para a minha yoga. Dediquei minha aula de hoje a ele e em homenagem a ele tomei um chuveiro geladaço depois. Fui de bike para o trabalho e pensei que ele deve estar orgulhoso de me ver pedalando tanto todo dia. Olhei para o lindo céu azul royal ao voltar para a casa e pensei que a natureza resolveu homenageá-lo nesta data tão triste para nós que ficamos aqui sem ele.

Tentei pensar que hoje é apenas mais um dia sem ele, encarar o dia com leveza, mas é impressionante como o ser humano tem boa memória para os momentos de dor. E como parece que tudo aconteceu ontem. Que eu ainda estava no Cairo, que eu li o pior e-mail da minha vida e senti uma dor na minha alma e um desespero sem tamanho que parecia não ter fim.

O desespero, ainda bem, passou. A dor está aqui e volta e meia resolve se manifestar, mas acho que aos poucos ela vai aparecer com menos freqüência e dar espaço para as lembranças boas desta pessoa maravilhosa que era o meu irmão, deste ser que viveu a vida como se todo dia fosse o último da vida dele. Talvez ele tenha seguido um ditado escrito atrás da porta do banheiro da minha yoga: "Life is not measured for the number of breaths we take, but for the moments that take our breath away."

Kizz, espero que você esteja aprendendo muito aí no seu mundo novo e um dia a gente volta a se encontrar. Até lá, continue visitando a gente com seus cogumelos, pés de café e pores-do-sol de take our breath away. Te amo muito, meu irmão.

Sunday 29 June 2008

Radiohead

Data: 25.06.2008
Local:Victoria Park - London
Meio de transporte: Bicicleta
Combustível: Cerveja, isso sim é biodiesel. Com moderação.


Radiohead - Karma Police

Sunday 15 June 2008

Tia Lourdinha

Hoje alguém no céu ganhou uma parceira pra jogar buraco, se não tiver um jogo ela com certeza vai ensinar uns 3 ou 4 por lá, mas ficar sem jogar, ahh, ela não vai não. Pode perguntar pros sobrinhos todos, aqueles que ela não ensinou aprenderam com os que foram ensinados por ela, só era difícil ela acertar os nossos nomes, mas até aí tadinha, foram mais de 20 contra uma......
Em outros momentos a Tia Lourdinha vai ver uma boa novela e passar intermináveis horas com palavras cruzadas e Agatha Christie.

Mãe, Vovó, tios, tias e primaiada, estamos e estaremos todos tristes mas tenho certeza que ela tá em um lugar especial e feliz, sem dor.

Ah, e absolutamente tem Silvio Santos, não só de domingo, qualquer dia que ela quiser, sem nenhum de nós pra pentelhar ela ou ficar mudando de canal.

Um beijo tia, cheio de saudades.

Wednesday 11 June 2008

Girls Night



Aqui na Inglaterra - e provavelmente em vários outros países - existe um hábito muito legal de um grupo de amigas se reunirem regularmente para fazer algo juntas, sem marido, namorado, amaziado ou qualquer outra categoria do sexo masculino. As Girls Nights, como são chamadas estas saídas noturnas, podem ser desde um drinque no bar até uma aula de dança burlesca (sim, esta é a idéia de algumas amigas minhas para o futuro próximo). Nós resolvemos aproveitar o lançamento do filme mais "girlie" do ano para promover uma Girls Night digna de troféu. Nós e metade das mulheres de Londres.



Lá fomos nós, 8 mulheres, assistir à estréia do filme "Sex in The City" no Barbican, um centro cultural muito legal no centro da cidade. Reservamos os lugares com semanas de antecedência e mesmo assim pegamos a raspa do tacho.

No dia do filme, a mulherada já chegou ao trabalho na estica: a maioria de vestidinho ou algum brilho na roupa. Parecia que íamos ao teatro ou ao balé (pelo menos em alguns lugares, o pessoal ainda se veste bem nestas ocasiões, o que não acontece muito com os londrinos).

Chegando lá no cinema, obviamente o bar oportunista do Barbican estava vendendo Cosmopolitans a cinco pounds o copinho. Mas a gente tinha de tomar, né?! :-)
Dentro da sala, dezenas de mulheres tricotando, rindo alto, fazendo escândalo, deixando os três homens presentes (ou perderam algma aposta ou são gays ou não tinham idéia de onde estavam se metendo) se perguntando o que estavam fazendo ali no meio daquela feira. Eu que gosto de assistir aos trailers e aos comerciais no cinema, tive de aceitar que este era um filme diferente e participar do tititi.

Quando as luzes se apagaram, gritos e aplausos. E quando os primeiros acordes da música de abertura da série tocaram, maaaais gritos e aplausos. E, finalmente, silêncio para o filme!
Não vou dar detalhes do filme para não estragar. Só posso dizer que é um caldeirão de todas as emoções femininas possíveis. O resultado é que dei boas risadas, chorei bastante e fiquei com muitas, muitas saudades de várias amigas especiais que não estavam naquele cinema comigo. Sorte estar com algumas boas amigas ali, mas saí do filme pensando nas que não estavam. E chorei mais.

Portanto, preparem seus lenços, meninas, porque o filme pode parecer tudo o que dizem por aí - fútil, um excesso de propagandas fashion e girlie até o último fio de cabelo (com chapinha) - mas, assim como a série, fala sobre quatro amigas que se adoram e que fazem tudo pela felicidade umas das outras. E sempre estão ali nas horas difíceis. E páro por aqui para não cair no choro de novo!

Wednesday 4 June 2008

Abaixo à bebedeira!



Sábado à noite no metrô de Londres a maioria das pessoas está preparada para ir para a balada. A mulherada com os figurinos de festa (alguns de bom gosto e outros absurdamente cafonas e sem noção) e a homarada já esquentando com uma cervejinha - ou uma cidra (afinal, agora é - ou melhor dizendo, deveria ser - quase verão). No último sábado à noite não foi diferente. Só que muitas mulheres estavam fantasiadas (utilizando a palavra ao pé da letra) e todos estavam com copos de champagne, drinques, garrafas de cerveja e cidra na mão. Pela última vez.

O novo prefeito de Londres, Boris Johnson, resolveu proibir o consumo de bebida alcoólica no transporte público e para protestar contra a medida foi organizado o último brinde na Circle Line do metrô - uma linha que, como diz o nome, é circular, portanto não tem ponto final e as pessoas não precisam sair.

Nós pretendíamos comparecer - o Julien porque é contra a medida e eu porque queria filmar para o blog - mas uma 'girl's night' com outras 7 mulheres para ver 'Sex in The City' e depois tomar cosmopolitan na sexta-feira e um plantão de fim-de-semana do Julien sugaram nossas energias.

No final das contas, as cenas no metrô retratavam exatamente o que acontece quando a galera sai à noite nos pubs: muita gente bebe demais e acaba dando vexame, caindo por aí e partindo para a violência. Várias pessoas foram detidas e teve até funcionário do metrô levando soco pelo Boris.

Fiz questão de votar no prefeito anterior, Ken Livingstone, para impedir a entrada do Boris, mas confesso que não acho errada a medida de proibir álcool no metrô. Sim, é uma gota no oceano para diminuir a descontrolada bebedeira juvenil que este país está vivendo, mas acho que é um começo. E cá entre nós: em que país civilizado a lei permite beber no transporte público?

Aliás, em que país civilizado a lei permite que os pais sirvam álcool a filhos maiores de 5 - CINCO! - anos de idade? Aqui na Grã-Bretanha pode. O governo estuda (vejam bem, ainda há controvérsias a respeito) mudar uma lei de 1933 que autoriza o consumo de álcool por 'maiores de 5 anos'. A proposta é aumentar esta idade para 18 anos e penalizar os pais que não controlarem seus filhos. Ou seja, é 8 ou 80...

Tuesday 27 May 2008

Quando más notícias são boas notícias.

Lá em longínquo Setembro 2004 quando chegamos na Terra dos Beckham's a Libra estava nas alturas, $5,30 Reais aproximadamente.
Juntamos salários, dinheiro guardado, moedas do cofrinho e trocamos toda aquela grana em Reais por Libras. Que beleeeeza, o que em Reais seria o suficiente para comprar um carro popular com CD e vidros elétricos não dava pra pagar 3 meses de aluguel por aqui.
Como as coisas mudam; quase 4 anos depois e crise financeira Americana somada a crise financeira e psico partidária do Sr. Gordon Brown (ah, não vou explicar, vai procurar no Google, ou ler jornal), mais o "boom" da economia brasileira e a Libra vale hoje $3,20 Reais, 40% menos!!! 10% pra baixo por ano!! Sei lá, não sou matemático, mas deve ser por aí.
Pô, mandar um din-din pra dar aquele agrado pra Mamãe no Brasil não é mais aquela moleza. Os amigos brasileiros tão tudo vindo pra cá gastar em Libra e Euro, né Elly, Si e Fab's?!?! Tudo de bolso cheio e mala carregada na volta....
Fora o povo que eu to sabendo que vai passar uma semana em NYC gastando o "dóla" em calça Levis e tomando Cosmopolitan "Sex in the City style".
Corrupção, ladroagem, violência e outras mazelas brasileiras continuam, mas não é que a economia tá indo bem....é o companheiro presidente querendo ferrar coma gente aqui nas gringas.
Mudando de assunto, mas continuando em crises que podem ser boas notícias; em Holborn, uma região de comercio e pólo financeiro aqui de Londres, perto de onde a Andrea trabalha, fechou um Burguer King!!?!? E mais espantoso: no lugar vai abrir uma franquia de uma rede de sushi fast food, a Wasabi, a Andrea tá revoltada, não se conforma.....
E finalmente, ontem assistimos no Channel 4 um documentário sobre como seria o destino da Terra se as pessoas simplesmente desaparecessem do dia pra noite, sem guerra ou explosão nuclear, só "puff", sumisse todo mundo. Só ficariam as plantas e os animais.
Em 5 pra 10 anos o planeta voltaria a ser verde, cheio de plantas, florestas, sem a poluição cinza das grandes cidades e os oceanos cheios de peixes. Em 500 anos pouca coisa ficaria para provar que um dias nós passamos por aqui. http://www.channel4.com/science/microsites/L/life_after_people/index.html
É nego, má notícia pra uns as vezes é boa pra outros e, como diria o filósofo Jardel, vice-versa.

Tuesday 20 May 2008

Trânsito louco

Cá estou eu de volta para confundir a cabeça de vocês com idas à Índia e vindas a Londres...
Mas tem coisas que ainda preciso contar de lá, como, por exemplo, a peculiaridade das estradas indianas.
Um dos lugares imperdíveis na Índia é o magnífico Taj Mahal, que, para quem não sabe, é um imenso mausoléu, construído pelo Shah Jahan para sua esposa, Mumtaz Mahal - e é considerado uma das mais lindas declarações de amor deixadas para a posteridade. A visita ao monumento fez com que percebêssemos que um dos vários pontos em comum da Índia com o Brasil é que tudo é longe. Agra, a cidade que abriga o Taj, fica a cerca de 200 quilômetros de Delhi, onde estávamos hospedados na casa do meu amigo. Vocês devem estar pensando: "Ué, 200 quilômetros não é tudo isso..." O problema é que percorrer este trecho demora mais de cinco horas! Por quê?



Por causa dos "autos" lotados com times de futebol inteiros...



...ou classes de escola inteiras.








Por causa dos animais na pista, como camelos puxando carroças...





















...ou ovelhas passando no meio dos carros...



...ou elefantes carregando gente...




















...ou a sagrada vaca, que está por todos os lados e é toda zen, não se deixa abalar pela bagunça do trânsito. Paulistanos, aprendam...





Fora as motos carregando famílias inteiras e os carros que transitam na contrmão como se não estivessem fazendo nada de errado. O resultado é uma média de 40 km/h nas estradas. Naaaada fácil! Pois é, não ousem reclamar das estradas brasileiras! Por outro lado, podem continuar chorando no trânsito de São Paulo, pois não tem pedestre, vaca, moto, bicicleta, "auto", camelo, elefante, carroça, táxi, lotação, ônibus ou caminhão que o deixe tão emperrado como em São Paulo. O trânsito é, sim, uma tremenda zona, mas anda! E você se diverte...