Sunday 27 April 2008

Novo endereço

Pois é...mais uma mudança.
Agora somos moradores do N1, De Beauvoir Estate, Hoxton.
Estamos felizes pra caramba, o ape é bem grande comparado com o último, baita localização, vizinhos amigos morando ali em cima e ainda conseguimos manter um jardim.
Ahhh, o verão tá chegando, lentamente, mas vem.
O jardim aguardando os churrascos.














Mas pqp, não é que 3 semanas atrás teve neve....











De qualquer maneira a primavera mostrou a cara esta semana. Sábado fez o dia mais quente do ano com fantásticos 22 graus. Hoje tá aquele "chove não molha" mas voltando do supermercado vimos um grupo de turcos queimando uns frangos e milhos na churrasqueira. Este abaixo na foto é Regent's Canal, passa aqui do lado de casa, e vai longe passando por Camden, né Elly?
http://en.wikipedia.org/wiki/Regent

Ó os cara aí.


Comem amendoim e largam as cascas no chão.









PS. Todo mundo sabe que é um fato comum coisas perdidas nos vãos de sofás.

Mas nunca vi algo assim, além da sujeira:

11 canetas

10 elásticos de cabelo

3 brincos

1 lixa de unha

85 centavos de libra

1 chocolate

Diversas etiquetas de roupas

Monday 21 April 2008

Happy Holi!



Desculpem a demora na publicação do segundo post sobre a Índia, mas a nossa vida está um tanto quanto agitada, com duas amigas de visita em casa - uma delas, a Si, foi embora hoje :-( -, o Julien com as costas travadas (é o peso da idade se manifestando…) e eu trabalhando todos os dias. Mas vamos lá!
Sem querer, estávamos na Índia em um dos festivais mais tradicionais e legais do país, o Holi, o festival das cores. A festa, que comemora a chegada da primavera, é a segunda mais importante da Índia, só perdendo para o Diwali. Foi, sem dúvida, uma experiência única e muito curiosa.
No dia anterior ao Holi, nós nos preparamos para a festa comprando uma roupa bem barata, que pudesse ficar manchada sem dó, e vários pós coloridos. A intenção é colorir o rosto das pessoas das mais variadas cores – e obviamente, as cores acabam parando nas roupas, nos cabelos e onde mais vocês imaginarem.
Na manhã do festival, meu amigo saiu para buscar o bhang, a bebida tradicional que se toma antes de “brincar de Holi” (algo como “pular Carnaval”). A graça começou quando meu amigo me disse do que a bebida era feita: leite, folhas de maconha esmagadas e muito açúcar (aliás, taí um povo que consegue de gostar mais de açucar do que brasileiro!).



Olhem aí duas garrafas com bhang.

E eu disse: “Mas então é como se você fumasse um baseado, não?!”.
A resposta dele: “Nããããão, você só fica mais tranquilo, sente uma paz e depois te dá uma baita fome.”
Hummmm… Alguma semelhança com os efeitos da maconha?



Como fiquei com medo dos efeitos de uma bebida desconhecida, tomei só um pouquinho; já o Julien e meu amigo entraram no clima da festa e tomaram um copo cheio. E lá fomos nós para a universidade onde ele costumava estudar para brincar de Holi.



O clima era bem descontraído e relaxado, com rodas de batucadas, muita gente dançando (fico besta ao ver os indianos dançando… TODOS são ótimos!) e todos desejando um “Happy Holi” e deixando uma corzinha na sua cara. Tudo no maior astral.
Olhava para aquelas pessoas todas sorrindo e me senti privilegiada de estar na Índia participando de uma festa como aquela.



O mais engraçado foi perceber que todas as pessoas ali tinham tomado o tal do bhang e estavam “altinhas”. Falei ao telefone com a namorada do meu amigo, que me disse que na casa dela todos tinham tomado bhang logo cedo também (ela tomou dois copos!) e se acabaram de brincar de Holi na garagem. Perguntei ao meu amigo se realmente todos tomavam a bebida e a partir de quantos anos.
“Ah, a partir de uns 10 anos todos já tomam”, foi a resposta.



Até o repórter estava em clima de Holi.

Aliás, o Julien participou do encerramento da matéria de um outro repórter. Eles simularam uma queda do repórter no fim da matéria e o Julien pegava o microfone e falava que o repórter (com um complicado nome indiano que obviamente esquecemos) tomou muito bhang e não conseguiu encerrar a matéria. Obviamente, o Julien não falou em hindi e sim em inglês e algo muito curioso nos programas de TV na Índia é que eles misturam hindi com inglês toda hora. Nos telejornais, nas entrevistas de celebridades, nos programas de entretenimento, eles estão toda hora incluindo algumas frases em inglês em meio ao hindi.



É muito engraçado pensar que existe um dia na Índia em que é permitido ingerir maconha e que praticamente toda a nação fica sob o efeito dela. Não vimos ninguém ficar “doidão”, não vimos nenhum ato de violência nem nenhum tipo de excesso - para ver que na dose certa um pouco de maconha com leite uma vez por ano não faz mal a ninguém. Nem aos indianos, que nem beber álcool bebem!



Ok, alguns exageram um pouco e acabam no meio da farra, deitados em um colchão...

Wednesday 9 April 2008

Simplicidade indiana



Como prometido, vou começar a contar sobre a nossa viagem à Índia, começando pela nossa chegada em Delhi, onde ficamos hospedados na casa do meu amigo indiano Sushil, que entrou na BBC junto comigo, há 3 anos e meio, e trabalhou aqui em Londres durante um ano antes de voltar a Delhi (por não agüentar o tempo escabroso da cidade, a comida britânica e a falta da namorada indiana).

Antes da viagem, quando falamos para ele que iríamos ficar em um hotel em Delhi ele considerou a idéia uma ofensa e disse que seria a maior vergonha para ele não nos hospedar em casa. Então lá fomos nós para a casa de um indiano solteiro, originário de uma micro-cidade sem energia elétrica do Estado de Bihar, uma das regiões menos desenvolvidas da Índia.

A casinha era bem simples. Dêem só uma olhada:



Aqui o Julien enrolando para acordar no quarto, apesar do colchão batante duro. Além do colchão, havia um pequeno armário - este que vocês vêem aí, com todas as roupas do meu amigo - uma TV e a geladeira.



A cozinha contava com duas panelas - uma para ferver o leite matinal, uma frigideira para fazer um arroz apimentado com cebola frita para o típico café-da-manhã indiano, e apenas duas colheres, um garfo e uma faca.



No banheiro, não havia chuveiro - pelo menos não da forma à qual estamos acostumados. Eram duas torneiras, um balde e uma canequinha. A boa notícia é que a privada era como a que costumamos usar, já que a típica privada indiana é um buraco no chão.

Comparei a casa do meu amigo com a nossa em Londres e me perguntei como somos capazes de juntar tanta bugiganga, que achamos necessária, enquanto que outras pessoas vivem com tão pouco – e não é por falta de recursos e sim porque estão acostumadas a uma vida menos materialista.

No mesmo sábado em que chegamos a Delhi fomos convidados para jantar na casa da namorada do meu amigo. Aliás, eles namoram há alguns anos, mas toda a família dela finje não saber de nada e nós recebemos um pedido dele para não comentar sobre o assunto, já que é tabu na casa. Diz ele que os dois só podem se casar depois que as duas irmãs mais velhas da namorada casarem. Sem ninguém saber (não me perguntem quantos sabem), a namorada visita meu amigo no apartamento dele pelo menos duas vezes por semana, onde eles fazem coisas que só deveriam fazer depois do casamento…

Bom, voltando à visita à casa da família Jha: 23 pessoas moram na casa e o tio da namorada, que é o “dono” da casa, nos mostrou todos os cômodos. É uma casa bem grande, com vários quartos, mas mais uma vez me impressionou a falta de tralhas desnecessárias. O fogão era como o do meu amigo: daqueles parecidos com os de camping, com duas bocas, e ele fica no chão da cozinha, onde as mulheres se sentam para cozinhar. O chuveiro, obviamente de torneira e balde, e a privada indiana.
Na sala, além de um sofá, duas poltronas e uma TV, existe um colchãozão no chão, onde todos se reúnem todas as noites antes de jantar para discutir os resultados de uma tarefa estipulada durante o dia. Naquela noite, todos tinham de falar o que foi notícia naquele dia e todos os jovens e crianças trouxeram suas anotações. Depois, todos fecham os olhos e cantam. Foi bem emocionante e foi legal ver como a família Jha é unida. Eles não apenas coabitam na mesma casa, mas interagem e valorizam a vida em família.

O jantar foi estranho. A comida estava ótima, apesar de termos visto de onde veio o peixe que estava no nosso prato (conto no próximo post!), mas eu era a única mulher na mesa. Os homens e eu sentados e as mulheres servindo mais quando a comida acabava e comendo na cozinha. Não consigo me acostumar à idéia de tratamento distinto dependendo do sexo da pessoa... Aliás, filha mulher é considerada um fardo tão grande na Índia que várias bebês ainda são mortas na hora do nascimento.
Bom, mas foi uma noite bem diferente, um aperitivo de muitas experiências legais que tivemos durante a nossa viagem!

P.S.: Escrevo mais apenas na semana que vem, já que estamos viajando para Paris hoje à noite, onde vamos passar cinco dias! Aliás, temos visita dupla em casa: minhas amigas Tati e Si! :-)

Thursday 3 April 2008

O humor britânico

Estamos de volta! Passamos duas semanas beeem diferentes na Índia, cheias de experiências novas, algumas ótimas, outras boas e umas poucas nem tanto. Aguardem os próximos posts para saber!
Neste post, no entanto, escrevo sobre outra coisa para o assunto não ficar ainda mais atrasado (desculpem a demora em escrever, mas nos mudamos - de novo! - há dois dias e ainda por cima fiquei de cama por causa de uma infecção intestinal - ou alguns vermes indianos, segundo minhas colegas de trabalho...).
Mas chega de explicações!



Apesar de a Inglaterra ser um país cinzento e frio durante a maior parte do ano, as pessoas aqui têm um humor que bate o de qualquer país do mundo. E obviamente elas teriam de colocá-lo em prática neste 1º de abril. Diferentemente do Brasil, até a imprensa entra na onda e publica várias notícias mentirosas - obviamente sem contar que elas são mentira.
Durante alguns segundos, o Julien e eu caímos na da BBC: vimos uns 10 segundos de imagens de pingüins levantando vôo e nos entreolhamos, estupefatos. As imagens fariam parte da nova série da BBC, sobre a evolução das espécies, voltando a vários lugares visitados por Charles Darwin.
Em seguida ficamos sabendo que era brincadeira de 1º de abril. Mas dêem só uma olhada para ver como o pessoal se esforça para fazer os outros de palhaço:



Vale registrar: Julien e eu caímos no vídeo dos pingüins porque só vimos 10 segundos, viu?! Não vimos os bichos voando para a Amazônia para fugir do frio!

A BBC tem uma tradição de mentiras de 1º de abril pelo menos desde 1957, quando o respeitável programa Panorama mostrou um documentário sobre a plantação de espaguete na Suíça. Segundo o programa, um inverno ameno propiciou a plantação de espaguete e as imagens mostram mulheres colhendo espaguetes das árvores. Um grande número de telespectadores ligou para a BBC para saber como plantar sua própria árvore de espaguetti e a BBC respondeu: "Coloque um broto de espaguete em uma lata de molho de tomate e torça para dar certo."

Vídeo do espaguete (1957)

De volta a 2008, os jornais britânicos também publicaram uma série de matérias falsas. Aqui vão algumas delas:

- O Daily Star publicou uma matéria em que o protagonista dos últimos filmes do 007, Daniel Craig, diz que a imagem de James Bond deveria ser modernizada e que o agente secreto deveria ser bissexual. "Acho que hoje em dia os fãs teriam aceitado isso", diz Craig, que conquistou vários fãs gays com seu papel em Casino Royale, diz o Daily Star

- Já o The Sun publicou uma matéria afirmando que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, vai se submeter a uma cirurgia para aumentar sua altura, para que ele possa olhar nos olhos da mulher, Carla Bruni. A operação, que seria realizada na clínica médica Poisson D'Avril, aumentaria a altura de Sarkozy em quase 13 centímetros.

- Jornal sério, como o The Guardian, também entrou na onda, com outra notícia envolvendo a mulher de Sarkozy. Disse o jornal que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, nomeou Bruni para trazer mais estilo e glamour à vida britânica. No anúncio da nomeação, Brown diria que durante muito tempo a Grã-Bretanha sofreu com um complexo de inferioridade em relação a outros países europeus, como França e Itália, que têm cidadãos sofisticados e cheios de estilo. A primeira tarefa de Bruni seria dar uma melhorada na culinária e nos trajes dos britânicos.

As rádios também entraram na onda e uma delas "tocou" uma música inaudível para o ouvido humano, mas que teria efeito em hamsters. A música, na verdade, era apenas silêncio, mas vários ouvintes ligaram para contar o que aconteceu com seus bichinhos. Um deles disse que, no início, o hamster não teve reação nenhuma, mas que depois começar a andar para trás.

Chega de mentira! Em breve, prometo que começo a contar sobre a Índia!