Sunday 31 January 2010

Full-time job



Dez meses de Mila depois e eu que não queria nem ouvir falar em voltar ao trabalho e largá-la em uma creche, comecei a pirar aqui em casa com a overdose de Mila (na semana mais difícil e trabalhosa dela depois dos primeiros 3 meses de vida), com o frio lá fora que nos impede de bater muita perna e com a solidão (ou melhor dizendo, a falta de companhia com idade de dois dígitos - em anos, não meses!).

Foi aí que decidi voltar ao trabalho antes do previsto. Colando a minha licença-maternidade nas férias que sou obrigada a tirar ainda neste ano fiscal (que termina em março), voltaria à BBC no meio de maio. Mas decidi voltar antes, talvez meio de março, isso se eu encontrasse uma creche assim, de última hora.

O problema é que vaga na creche aqui é mais concorrida do que vaga na USP e, apesar de termos nos candidatado em duas creches do bairro com muita antecedência, como não tínhamos previsto nada para março, perdemos a vaga para esta data.
"Ah, mas tem uma vaga no 'toddlers group', e no fim de março ela já vai ser uma toddler", disse a atendente em uma das creches. Fiquei um tanto insegura, afinal, a Mila está longe de ser uma toddler, afinal, ela ainda não anda - nem engatinha - e não tem nem um ano de idade. Pelo que entendo, toddler são crianças entre 12 e 36 meses, mas como bem me disse a diretora dessa creche quando fomos conhecer o local, a decisão de passar alguém do 'baby group' para o 'toddler group' depende muito mais de desenvolvimento individual do que de idade.

Então na última sexta-feira fomos lá, Mila e eu, brincar por 1h30 no toddlers group para ver se a Mila estava 'apta' a entrar no grupo em março.

Quando vi aquele monte de mini-pessoinhas correndo de um lado para o outro, escalando sofá, subindo escadinha para descer no escorregadorzinho, brincando de casinha de boneca e batendo um no outro por não querer dividir o brinquedo, e aí olhei para a minha pulguinha linda, sentadinha em um canto, admirada com a movimentação, enfiando todos os carrinhos do chão na boca, senti um certo desconforto.

Larguei a Mila com os leões e fui dar uma espiada no babies room. Engatei no maior papo com a monitora italiana, vi uma mãe chegando com uma bebê com a idade da Mila e uma sacola cheia de coisas que a monitora tinha pedido para realizar atividades com os bebês, vi outro bebê tentando se equilibrar segurando em uma mesinha, tudo era a cara da Mila naquele lugar... Mas não tinha vaga ali, então voltei ao toddlers room, bem na hora do lanche.

Lá estava a Mila devidamente acomodada na ponta da mesa, em uma cadeirinha para bebês (aquelas que encaixam na mesa) - enquanto que todas as outras crianças estavam sentadas em cadeirinhas de verdade. Todos ganharam um potinho com duas fatias de pêra e um punhado de uvas passas. A Mila ganhou só as pêras, pois com as uvas ela poderia se engasgar. Torci para que ela não fizesse feio, já que às vezes ela gosta de brincar com a comida. Não desta vez, pelo menos! Ela comeu os dois pedacinhos de pêra! Todos tinham seus copinhos de água, trazidos de casa. Fui correndo pegar o dela no hall de entrada, mas foi um tanto quanto inútil, pois a Mila não consegue tomar água sozinha ainda e nenhum monitor segurou o copinho para ela.

A Mila ficou maravilhada com as crianças maiores, gostou do ambiente, mas meu sexto sentido de mãe ficou com a pulga atrás da orelha. E acabei desistindo de colocá-la no grupo. Não acho justo apressar o desenvolvimento da minha pequena só porque não aguento mais ficar em casa. E não posso pagar praticamente o salário que eu iria receber trabalhando meio-período para deixá-la em um lugar que nem é o ideal para ela.

E como bem disse minha amiga Malu, se eu voltar mais cedo ao trabalho vou acabar me arrependendo de não ter aproveitado este tempo precioso que poderia ter ficado a mais com a Mila. Afinal, ela vai crescer rapidinho e tudo isso que estou vivendo com ela vai ficar no passado.

Pois bem, então até o meio de maio estarei aqui, cozinhando, lavando, limpando, sofrendo com as crises de choro e reclamação, pegando a Mila no colo para consolá-la, acompanhando cada passo de seu desenvolvimento, dando muita risada com suas travessuras, indo para as aulas de natação, saindo para passear com ela e aproveitando cada segundo ao lado de uma das criaturas mais importantes da minha vida! E acho que foi a decisão certa!

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