Sunday 2 September 2007

O Guarujá dos egípcios

Como vamos deixar o Egito antes do previsto, resolvemos fazer turismo todo fim-de-semana, até irmos embora. É por isso que resolvemos enfrentar a muvuca de Alexandria antes do fim da temporada, quando TODO o Oriente Médio parece dar uma passadinha pela cidade, que fica na costa do Mediterrâneo.
Seria a nossa primeira viagem de trem pelo Egito e, pensando na precariedade dos táxis e dos ônibus no Cairo, as nossas expectativas de ter uma viagem agradável de trem eram bastante baixas - ainda mais quando o Julien voltou com as passagens de segunda classe, porque as da primeira já tinham esgotado. Já estava eu pensando naqueles trens brulhentos e enferrujados de 1800 e bolinha, com egípcios com 14 filhos e 75 malas e caixotes, além das gaiolas com galinhas, fazendo aquela farofa dentro do trem, todo mundo naquele suadouro sem fim por causa da falta de ar-condicionado.
Ao entrar no trem, qual não foi nossa surpresa quando o ar estava bem mais fresquinho do que do lado de fora! E as poltronas, confortáveis, e os passageiros relativamente comportados.



A chegada a Alex, no trem espanhol (velho, mas inteiro!)

A decepção veio mesmo depois. Ao chegar em Iskenderiyya (Alexandria, em árabe), a capital do Egito na época do Império Romano, fundada por Alexandre, o Grande, governada por Cleópatra, berço de uma das antigas Sete Maravilhas do Mundo (o já inexistente Farol de Alexandria), o que pudemos ver era uma cidade suja, barulhenta e bagunçada, com monumentos turísticos mal-cuidados e muito menos aceitação de marcianos (é assim que eu me sinto aqui no Egito, pois as pessoas não páram de olhar, como se viéssemos de outro planeta) por parte da população local do que no Cairo.
Por outro lado, ninguém pode vir ao Egito sem passar por Alexandria e toda cidade, por mais decadente que esteja, tem suas vantagens: ficamos num hotel maravilhoso e longe de ser impagável (o Cecil, um dos hotéis mais estilosos e antigos da cidade, com uma vista linda do mar), comemos foul e tammiyya maravilhosos numa lanchonete supersimples e baratíssima (Mohammed Ahmed), caminhamos horas pela beira do mar (obviamente sem passar despercebidos por todos os turistas árabes), e comemos peixe e camarão divinamente suculentos no Fish Market (um dos poucos lugares em Alexandria que servem uma cervejinha gelada).



A vista da sacada do nosso quarto



O prato de mezze do Fish Market. Detalhe: isto é apenas o couvert, depois ainda vem o peixe!


Obviamente, demos azar de encontrar o Museu Greco-Romano fechado para reforma, mas conseguimos descer às catacumbas de Kom Ash-Shuqqafa, que são beeem legais.
A volta ao Cairo, bom... não foi tão confortável quando a ida a Alex (é o apelido que a galer daqui dá à cidade). Conto em outro post, senão vocês não vão ter paciência de ler este até o fim!

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