Thursday 7 June 2007

Perdi o sono

Estou em Ramallah, fazendo uma matéria de como a ocupação israelense afeta as novas gerações de palestinos. A entrevista com uma psicóloga do Unicef ainda está pela frente, mas de madrugada eu pude sentir um pouco o estado de tensão permanente que as pessoas vivem aqui. Acordei umas 4h30 da madrugada com o estrondo de uma explosão e levei quase meia hora para desacelerar meu coração e tentar dormir novamente. Não adiantou muito, porque houve um novo estrondo por volta das 5h e não adiantou puxar o cobertor para cima da cabeça... Perdi o sono.



As crianças aqui falam com ódio de Israel e dizem que os "judeus" não querem deixar elas estudarem, que vão às escolas e jogam bombas de gás nelas. É impressionante ver crianças de 7 anos falando que matariam todos os judeus se pudessem.
Mas acordar com o barulho de explosões, ver soldados armados circulando no lugar onde você mora, enfrentar várias barreiras policiais para chegar à escola e ouvir histórias de amigos, parentes ou conhecidos mortos em ataques israelenses é traumático até para um adulto, imagine para uma criança.
Não é â toa que encontrei garotos como o Hamsa, de 14 anos, que desde os 11 luta pela causa palestina. Toda sexta-feira, depois das orações, ele se junta a um grupo de palestinos que vão protestar contra a construção da polêmica "barreira", que hoje ainda é uma cerca elétrica. Olhem aí a coleção de "brinquedinhos" que ele se orgulha de ter recolhido dos confrontos com os soldados israelenses: várias balas virgens, uma bomba de gás que não explodiu e várias bombas de fazer barulho.
Dá para ter uma infância normal aqui?

4 comments:

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  2. Oi Andrea, voce nao me conhece, eu faço parte da comunidade BLIL, e outro dia vi um post que o Julien tinha postado ( Hometown Baghdad) que eu achei muito interessante. Tão interessante, que eu ja passei para muitas pessoas, e escrevi muito a respeito. Vi o endereco do blog, e vim ler. realmente tocante. me fez muito pensar num livro que eu li chamado ´ grwoing up palestinian´da antropologa laetitia bucaille pois o livro dela é sobre isso a geração ocupada, da intifada.

    Estive segunda feira, numa palestra aqui em Londres sobre a ocupação do Iraque. Nela falaram Haifa Zagana ( autora Iraquiana), e dahr jamail ( jornalista americano).Num dado momento Haifa disse uma frase que realmente me devastou. Começou dizend que sair na rua é um grande risco, mas que eles saem pois precisam continuar vivendo.QUe viver é uma luta.

    ´In a sense the lowest form of resistance is to survive´

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  3. Dé!!! Que barra hein...e você que é super sensível vendo essas crianças com esses tipois de preocupações..muito triste.
    Estou com saudades e vou te mandar uma fotinho do Bruno para alegrar!
    Beijo

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  4. Concordo que tem bastante coisa errada por lá, como esse tipo de atitude de repreensão, mas o problema é ver esse tipo de radical falar tão mal de Israel como se fossem terroristas e os palestinos pobres vítimas em toda Israel.... é triste ver tanta desinformação no mundo !!!!

    Existem determinadas ocupações de Israel que sou contra, está errado... mas quando estive lá passei por maus bocados com os palestinos que só por saberem que não eramos muçulmanos, nos joagavem pedras.... "crianças", como vc menciona aqui de 10 anos... também entendi quando um adolescente judeu atira em uma "criança" nessa hora !!!! Essas "crianças" de hoje, são os fanáticos homens-bombas de amanhã que matam e explodem tudo pela frente.... judeu E não judeu....

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