Monday 18 June 2007

Um muro lamentável…..

Jerusalém é uma cidade realmente única.
Judeus, mulçumanos e cristãos convivem diariamente nessa “bomba emocional”.
Na Cidade Velha (Old City) menos de 200 metros separam ícones das 3 maiores religiões do mundo.
A Igreja do Santo Sepulcro, a Via Crucis para cristãos, o Templo e Muro das Lamentações para os judeus e a Mesquita Al-Aqsa e o a Cúpula da Rocha para mulçumanos. Na Cidade Velha, todo mundo tem que conviver, e é possível.
Não vou aqui me alongar com os conflitos e a história que transformam esse lugar numa espécie única no nosso planeta, até porque tudo ainda está acontecendo nesse instante, agora. Basta ligar a BBC/CNN/Al Jazeera.
Num dos dias que estávamos por lá resolvemos ir até Belém, curiosidade histórica e uma boa desculpa para nos embrenharmos em território ocupado palestino atravessando o mais novo muro dos tempos modernos.
Saímos de Jerusalém, de um ponto de ônibus em frente ao Portão de Damasco na Cidade Velha, o 124. A viagem de aproximadamente 20 minutos nos deixa num dos “checkpoints” do muro, este entre Jerusalém e Belém, exatamente no ponto onde fica a Tumba de Rachel, outro lugar sagrado para o judeus.
Atravessamos o checkpoint a pé, controle de passaporte e detectores de metal. No horário, mais ou menos 12/13hs, o movimento era fraco, mas a demora é mais ou menos a mesma de uma checagem de passaporte e revista em aeroportos. Quando retornamos no final da tarde, o movimento da volta dos que trabalham em Jerusalém e moram na Cisjordânia era grande, e qualquer alerta as autoridades israelenses fecham as fronteiras e nego que se vire pra dormir fora de casa.
Já do outro lado, pegamos um táxi até a Igreja da Natividade para fazer a parte turismo. Andamos pela cidade e vimos como o congelamento do investimento estrangeiro na Palestina tem influenciado por lá. Quase todas as obras de recuperação histórica estão paradas e pelo estado das coisas, por um bom tempo. E veja que mesmo com o embargo Belém não é das mais pobres cidades da Cisjordânia, até pelo investimento com turismo e da própria Igreja Católica para preservar o local do nascimento de Cristo. Mas o turismo está diminuindo e muito, medo dos conflitos e, claro, a dificuldade em atravessar o muro.
É até difícil explicar a sensação de cruzar essa “fronteira”, eu nunca gostei de achar culpados os judeus ou palestinos/árabes pelos eternos problemas de Israel-Palestina. Na minha opinião é pura falta de vontade política em resolver essa situação. Ainda mais quando poítica está misturada com religião, e se você olhar bem, políticos e religiosos falam a mesma língua, as palavras mudam, mas o discurso é o mesmo.
Outras vezes, políticos são os próprios religiosos e vice-versa.
O que fica é o muro, o ódio e o povo, seja ele de que raça ou crença.


P.s. Eu não sei o que os árabes tem com os taxis, aqui no Cairo já é uma relação especial.
E em Belém essas "limosines".

No comments:

Post a Comment