Tuesday 17 February 2009

As grávidas no transporte público


Na minha primeira semana em Londres o comportamento das pessoas no metrô na hora do rush me chamou a atenção: todos mergulhavam a cabeça no jornal, não importa se estavam confortavelmente sentados ou de pé, espremidos na lata de sardinhas que os vagões costumam virar nos horários mais concorridos. Ninguém olhava nos olhos de ninguém e muitos até pareciam não notar a presença de outro ser humano além de si próprio no transporte público.

Pois bem, eu sabia que quando ficasse barriguda de grávida eu não poderia contar com a gentileza dos londrinos para sentar nos chamados "priority seats", logo na entrada do coletivo. Dito e feito. Agora que fui obrigada (por uma ferrenha campanha de família, amigos e pessoas que gostam de se intrometer na vida alheia) a parar de pedalar para o trabalho, passei a tomar o ônibus. No horário do rush...

Busão lotado e obviamente todos os priority seats ocupados por pessoas que não são nem de idade, nem portadoras de deficiência, nem mães com bebês dentro ou fora da barriga. E eu me posiciono estrategicamente entre um banco e outro, praticamente esfregando minha barriga no jornal da londrina sentada em um dos assentos. Nada. Nem uma levantadinha de sobrancelha para ver se alguém ali precisava do assento mais do que ela. E foi assim dia após dia. Eu ainda não falei nada, porque sou uma daquelas grávidas que não dá o braço a torcer e nem acho que estou naquela condição insuportável de ficar de pé. além disso, após algumas paradas, sempre acaba vagando um lugarzinho aqui ou ali.

Mas que dá saudades do Brasil, dá... Lembrei da mania que nós, brasileiros, temos de até se oferecer para segurar a bolsa de quem está de pé em um ônibus lotado. Quem vier para cá, por favor, não tente fazer isso aqui, porque é capaz de alguém chamar a polícia!

A indiferença aqui é tamanha que cheguei a me perguntar se os casacões de inverno escondem minha barriga de mais de sete meses e muitos acabam não querendo correr o risco de ofender uma mulher oferecendo seu lugar sem ela estar grávida. Afinal, panças de cerveja femininas não faltam por aqui!

Porém, eis que em duas ocasiões alguém acabou oferecendo seu lugar para sentar. A primeira foi uma moça no metrô, o que restabeleceu minha fé de que existe, sim, pessoas com almas boas nesta cidade!!! Tenho certeza de que a moça não era inglesa, no entanto... Bom, como tinha passado boa parte da tarde sentada e minha bunda ainda estava quadrada, tive a cara-de-pau de recusar a oferta! O segundo foi um indiano, também no metrô, que, aliás, estava sentado em um dos priority seats. Após cerca de cinco paradas com a cabeça enfiada no jornal, ele levantou a cabeça, talvez para mudar de posição e continuar lendo, quando me viu. Imediatamente, ele me perguntou se eu queria sentar e eu aceitei (neste dia confesso que estava bem cansada...). Mas, logo em seguida, fez questão de me dar uma bronca! "You should have said something!" Pois é, é assim que as coisas funcionam aqui. Se você não abrir a boca ou rodar a baiana, as pessoas acham que não tem obrigação de serem gentis.

6 comments:

  1. Também acho uma vergonha pedir para os outros terem educação, que neste caso, também podemos chamar de respeito, bom senso...

    Nota zero para os "commuters" de Londres. Põe a Mila pra fazer barraco hehehe

    PS: Sua barriga tá lindaaaaaaaaaaaa!!

    Beijos pra família toda

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  2. Meu voto é para o França comprar uma bike daquelas de táxi chinês e pedalar vcs duas até o trampo. Que tal? Saudade das meninas! Já vi que vou ter que voltar pra Londres. Tomara que alguém me deixe sentar no avião...

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  3. Mas Andrea, esse comportamento não está muito diferente do povo brasileiro não.
    Eu, grávida de 8 meses, com uma barriga mais do que imensa tenho que ficar em pé no ônibus, porque os homens não gestantes e não portadores de deficiência física, não levantam os rabos dos acentos preferenciais para nada.
    E se engana que no metrô existe alguma civilidade, porque também não existe.

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  4. Bom, se você quis ficar grávida, os outros não têm nada a ver com isso.

    Toma que o filho é teu!

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  5. Sempre tem alguém para abrir a boca e emitir um comentário "inteligente" como o seu Luiza.

    Sabia que para você nascer, a sua mãe teve que ficar grávida? Ou será que você é filha de chocadeira?

    Tomara que fique grávida de trigêmeos e passe a gestação toda num ônibus, de pé.

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